Erupção de vulcão na Indonésia pode impactar clima em todo o planeta, dizem especialistas
A erupção de um vulcão na Indonésia, na noite desta quarta-feira, pode causar alterações climáticas em escala planetária, segundo especialistas. Segundo o MetSul e outras autoridades meteorológicas, a atividade em larga escala no Monte Ruang, no norte do país asiático, pode gerar uma grande quantidade de material vulcânico lançado na atmosfera, podendo impactar o clima do planeta.
O país emitiu um alerta nesta madrugada para o risco de tsunami, causada pela queda de destroços no mar. Nesta manhã, 11 mil pessoas foram evacuadas de áreas de risco na região, que é remota e apresenta um aumento significativo das atividades vulcânicas.
De acordo com o MetSul, ainda não foi divulgado o índice de explosividade desta erupção, que pode indicar o potencial de impacto no clima do planeta, podendo ser nulo a elevado. Os vulcões têm uma escala chamada Índice de Explosividade Vulcânica (VEI), semelhante à Escala Richter, utilizada para medir a força dos terremotos. Esse método mede a quantidade de material vulcânico é ejetado e lançado na atmosfera, além do tempo de duração das erupções.
Em 1991, uma enorme erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, foi responsável por causar resfriamento do planeta por dois anos. A erupção foi classificada como VEI-6, ou extraordinariamente forte, em uma escala de 10 números
Em 2022, erupção de vulcão submarino em Tonga injetou uma grande quantidade de água na estratosfera, o que contribuiu para aumentar o aquecimento do planeta. A erupção do Hunga Tonga também emitiu mais de 112 quilotons (kt) de SO2 (dióxido de enxofre) na atmosfera.
A erupção massiva do vulcão indonésio Tambora, em 1815, levou tanto enxofre para a estratosfera que diminuiu a luz solar extensivamente a ponto de reduzir as temperaturas globais em cerca 1°C por anos. Isso desencadeou o “Ano Sem Verão”, em 1816.
No entanto, os dados desta erupção no Monte Ruang ainda são escassos e ela segue em atividade. Ainda não há uma análise completa sobre os possíveis impactos deste vulcão no clima do planeta, mas considerando a magnitude e a sua evolução, alguns especialistas já consideram que pode haver alterações, caso a erupção ganhe força, mesmo que os efeitos sejam mínimos. A quantidade de SO2 emitida até o momento, conforme dados de satélites, não foi alta.
As autoridades atuam para retirar os habitantes da área próxima ao vulcão, incluindo alguns da ilha remota de Tagulandang, que tem quase 20 mil moradores. Algumas pessoas começaram a abandonar região por conta própria durante a noite, com medo da erupção. Os socorristas tentam retirar os residentes em barcos e também precisaram transferir 17 detentos da penitenciária da ilha de Tagulandang.
“A estrada está coberta de matéria vulcânica”, disse à AFP por telefone Ikram Al Ulah, integrante das equipes de emergência, que está no porto de Tagulandang.
O vulcão prosseguia em atividade pela manhã e o aeroporto internacional Sam Ratulangi, na cidade de Manado, a 100 km de distância, foi fechado porque a “a propagação de cinza vulcânica poderia colocar em perigo a segurança dos voos”, informou em um comunicado Ambar Suryoko, diretor da agência aeroportuária regional.
“Durante a noite (de quarta-feira), algumas pessoas saíram por conta própria, mas sem uma ordem devido à erupção do vulcão e à queda das pedras”, disse Jandry Paendong, da agência local de busca e resgate.
Turistas e residentes foram alertados para permanecerem fora de uma zona de exclusão de seis quilômetros. Mais de 800 pessoas foram inicialmente levadas para um local seguro de Ruang para a ilha vizinha de Tagulandang após a primeira erupção na noite de terça-feira, antes de mais quatro erupções nesta quarta-feira.
As autoridades também alertaram para um possível tsunami como resultado das erupções.
“As comunidades na ilha de Tgulandang, particularmente aquelas que residem perto da praia, (precisam) estar alerta para a potencial ejecção de rochas incandescentes, descargas de nuvens quentes e tsunami causado pelo colapso do corpo do vulcão no mar”, Hendra Gunawan, chefe da agência de vulcanologia da Indonésia, disse em comunicado na quarta-feira.
Os receios das autoridades foram agravados pela experiência anterior. Em 2018, a cratera do Monte Anak Krakatoa, entre as ilhas de Java e Sumatra, desabou parcialmente quando uma grande erupção fez com que enormes pedaços do vulcão deslizassem para o oceano, provocando um tsunami que matou mais de 400 pessoas e feriu milhares.
A Indonésia, um vasto arquipélago, experimenta frequentes atividades sísmicas e vulcânicas devido à sua posição no “Anel de Fogo” do Pacífico, um arco onde colidem placas tectônicas que se estende do Japão ao Sudeste Asiático e através da bacia do Pacífico.
O impacto da erupção do Monte Ruang levou ao encerramento do Aeroporto Internacional Sam Ratulangi na cidade de Manado, localizado a mais de 100 quilómetros (62 milhas) do vulcão, durante 24 horas até quinta-feira à noite.
As pistas do aeroporto foram fechadas “devido à propagação de cinzas vulcânicas que podem pôr em perigo a segurança do voo”, disse Ambar Suryoko, chefe do escritório da autoridade aeroportuária da região de Manado, num comunicado.
O aeroporto hospeda companhias aéreas que voam para Cingapura e cidades da Coreia do Sul e China.
As erupções forçaram as autoridades a fechar um grande aeroporto e a emitir um alerta sobre a queda de destroços que poderia causar um tsunami.
“Todos os voos… impactados porque o aeroporto foi afetado pela erupção do Monte Ruang, cinzas vulcânicas”, disse Dimas, funcionário do aeroporto de Manado, de 29 anos, à AFP por telefone.
Fonte: O Globo
Foto: AFP