EUA autorizam operações da CIA na Venezuela em meio a tensão crescente
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela aumentou após o presidente Donald Trump confirmar que autorizou operações da CIA no país sul-americano.
Trump justificou a medida com o combate ao tráfico de drogas e mencionou o envio de prisioneiros e pacientes de instituições psiquiátricas venezuelanas para os EUA, embora não haja provas de expulsão deliberada desses indivíduos.
Nicolás Maduro repudiou a situação, negando a guerra e acusando a CIA de golpes orquestrados.
Ainda não está claro quais serão essas ações da CIA na Venezuela, mas elas se somam a ataques americanos a barcos relacionados ao narcotráfico no Caribe e à presença militar na região.
Especialistas consultados pela CNN avaliam que o governo Trump busca uma mudança de regime na Venezuela, motivada por interesses econômicos e ideológicos.
Marcos Sorrilha, professor na Unesp, observa que essa mudança abriria oportunidades para negócios no petróleo e outras matérias-primas, além de influenciar a dinâmica regional, afastando possíveis interferências de China e Rússia.
Flavia Loss, professora de Relações Internacionais, destaca a natureza midiática da política externa de Trump, cujo objetivo seria se apresentar como um líder forte, validando suas ações com medidas que demonstrem poder.
Ela ressalta que uma mudança de regime garantiria um aliado submisso na América Latina para os EUA.
Lourival Sant’Anna, analista da CNN, acredita que Trump quer pressionar com baixo custo, usando ameaças e operações da CIA para tentar alterar o comando venezuelano, com motivações geopolíticas, políticas e econômicas.
Segundo Sant’Anna, Trump busca ganhos eleitorais internos, principalmente nas eleições de meio de mandato e na Flórida, onde a questão venezuelana tem impacto.
A Casa Branca rotulou Maduro de “presidente ilegítimo” e Trump tenta construir sua imagem como defensor da democracia e contra regimes autoritários.
Sorrilha acrescenta que Trump poderia se beneficiar politicamente, obtendo prestígio ao resolver a questão venezuelana, além de um possível reconhecimento internacional.
Quanto à possibilidade de intervenção militar dos EUA, opiniões divergem.
Loss lembra operações secretas da CIA no passado na América Latina e alerta que uma intervenção poderia se tornar cara e problemática, citando exemplos do Iraque e Afeganistão.
Sorrilha concorda que uma ação militar direta é provável, citando também a falta de unidade na América Latina, que enfraquece a reação contra tal iniciativa.
Sant’Anna, por outro lado, acredita que uma invasão é improvável, ressaltando as ações controladas e mensagens calculadas de Trump para manter o custo da operação baixo.
Ele adverte que, se a estratégia americana falhar, pode fortalecer o regime de Maduro, reforçando sua narrativa contra o imperialismo dos EUA.
Todas essas análises são fruto da avaliação de especialistas diante do agravamento das relações e da movimentação dos Estados Unidos na Venezuela.
Créditos: CNN Brasil