Internacional
23:08

EUA criticam prisão preventiva de Bolsonaro e alertam para risco à democracia

O vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, declarou que a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida no sábado (22), é “provocativa e desnecessária”.

Landau, que é o número dois do Departamento de Estado norte-americano, manifestou “profunda preocupação” com o que chamou de “novo ataque ao Estado de Direito e à estabilidade política no Brasil”, atribuindo essa situação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele afirmou que os EUA estão preocupados com o ataque recente à estabilidade política brasileira, destacando a prisão de Bolsonaro, que já cumpria prisão domiciliar sob rígida vigilância e tinha severas limitações de comunicação. Segundo Landau, “não há nada mais perigoso para a democracia do que um juiz que não conhece limites para seu poder”.

A declaração foi feita após a decisão do STF de decretar a prisão preventiva de Bolsonaro, motivada pela violação da tornozeleira eletrônica e o alegado risco de fuga.

Não é a primeira vez que Landau critica o ministro Alexandre de Moraes ou faz alertas sobre o Brasil. Em agosto, após Bolsonaro ter sua prisão domiciliar decretada, Landau chegou a afirmar que Moraes estava conduzindo o país a uma “ditadura judicial”.

Em setembro, após a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão pelo STF, Landau comentou que Moraes “desmantelou o Estado de direito” e consequentemente levou a relação entre Brasília e Washington ao “ponto mais sombrio em dois séculos”.

Durante uma visita de empresários brasileiros a Washington, Landau salientou que o Brasil seria o único país que não teria uma solução técnica ou econômica para as tarifas impostas pelo então presidente Donald Trump.

Entretanto, essa previsão não se concretizou. Trump assinou um decreto na quinta-feira (20) suspendendo as tarifas adicionais de 40% sobre mais de 200 produtos brasileiros, como café e carne bovina.

Em relação à prisão de Bolsonaro, Trump inicialmente disse não saber o ocorrido, mas depois comentou que a decisão do STF “era uma pena”.

Essa mudança de postura difere de seu posicionamento anterior. Quando estabeleceu as tarifas sobre o Brasil, em julho, Trump justificou a decisão alegando a “caça às bruxas” contra Bolsonaro e o tratamento injusto dado a ele pelo STF.

Dias antes, ao anunciar as tarifas, Trump declarou que Bolsonaro “não é um homem desonesto” e que “lutou muito pelo povo do Brasil”.

A reação mais moderada de Trump e a suspensão das tarifas podem estar relacionadas a fatores internos, como a insatisfação dos americanos com a economia, que resultou em sua pior taxa de aprovação desde que voltou ao poder.

A pressão interna para reduzir o custo de vida fez com que Trump deixasse questões políticas de lado e aliviasse tarifas sobre vários países e produtos essenciais do Brasil para o consumo americano.

A CNN Brasil tentou obter um posicionamento oficial do Departamento de Estado dos EUA sobre a prisão preventiva de Bolsonaro, mas não obteve resposta até o momento.

Créditos: CNN Brasil

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