Internacional
13:06

EUA designam Cartel de los Soles como organização terrorista na Venezuela

Na segunda-feira, 24, o governo dos Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump, classificou oficialmente o Cartel de los Soles — que a Casa Branca afirma ser comandado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro — como uma organização terrorista estrangeira. Essa ação acontece enquanto os EUA se preparam para uma nova etapa de operações contra o regime chavista, que começarão com missões secretas na Venezuela, conforme noticiado pela Reuters na véspera.

Uma autoridade americana, que preferiu manter anonimato devido à sensibilidade do tema, afirmou à Reuters que “o presidente Trump está pronto para usar todos os recursos do poder americano para impedir a entrada de drogas no país e responsabilizar os culpados”. As operações consideradas incluem a possibilidade de tentar derrubar Maduro.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, declarou que a designação do Cartel de los Soles como terrorista “abre várias opções para os Estados Unidos”. Trump afirmou que essa decisão permitiria ao governo atacar bens e infraestruturas ligadas a Maduro, embora tenha admitido que ainda exista espaço para diálogo. Funcionários americanos confirmaram que houve conversas entre Caracas e Washington recentemente, mas detalhes dessas negociações não foram divulgados.

Recentemente, altos militares dos EUA apresentaram a Trump planos atualizados para operações contra a Venezuela, incluindo ataques terrestres. Esses planos foram entregues pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, pelo chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e outros oficiais. Informações da comunidade de Inteligência americana subsidiam as possíveis ofensivas, que podem variar em intensidade.

O planejamento militar ocorre em um contexto de maior mobilização militar dos EUA na América Latina e aumentadas expectativas sobre uma ampliação das operações na região, consideradas pela ONU como “execuções extrajudiciais”. Além do porta-aviões, foram enviados para o Caribe destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados, enquanto o presidente Trump intensifica a pressão sobre o governo venezuelano.

No fim de outubro, Trump revelou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, reforçando especulações sobre a intenção de Washington de derrubar Maduro. Fontes próximas informam que o Pentágono apresentou ao presidente diversas opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas, como pistas de pouso, justificando com supostos vínculos das Forças Armadas com o narcotráfico.

Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles e ofertam recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura. O presidente colombiano, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Paralelamente, ataques a embarcações consideradas de Organizações Terroristas Designadas pelo governo americano cresceram no Caribe e Pacífico, com 21 bombardeios que resultaram em 80 mortes.

Esses incidentes provocaram preocupação entre juristas e legisladores democratas, que denunciaram violações do direito internacional. Trump, por sua vez, afirmou que os EUA já estão em guerra contra grupos narcoterroristas venezuelanos, legitimando os ataques letais, que são considerados necessários após falhas das ações convencionais para capturar suspeitos e apreender drogas.

No entanto, dados das Nações Unidas indicam que o principal opioide responsável por overdoses nos EUA, o fentanil, tem origem no México, e que a Venezuela quase não participa da produção ou tráfico do opioide para os EUA. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 aponta ainda que as drogas mais consumidas nos EUA, como a cocaína, provêm majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru, não da Venezuela.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos, divulgada em 14 de novembro, mostrou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das forças armadas dos EUA para eliminar suspeitos de narcotráfico sem devido processo judicial, prática criticada nas ações de Trump. Entre republicanos, 58% apoiam essa medida e 27% são contra, enquanto entre democratas, 75% rejeitam e 10% apoiam.

Créditos: Veja Abril

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