Internacional
18:08

EUA enviam porta-aviões USS Gerald R. Ford para o Caribe em escalada militar

Os Estados Unidos estão deslocando o maior navio de guerra do mundo, o porta-aviões USS Gerald R. Ford, para a região do Caribe, em uma intensificação significativa da presença militar americana.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, ordenou que o USS Gerald R. Ford, capaz de transportar até 90 aeronaves, deixe o Mediterrâneo nesta sexta-feira (24/10).

Nas últimas semanas, os EUA aumentaram suas forças no Caribe para combater traficantes de drogas, enviando outros navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35.

Foram realizadas dez operações aéreas contra embarcações associadas a traficantes, sendo uma delas nesta sexta-feira, na qual, segundo Hegseth, “seis narcoterroristas do sexo masculino” foram mortos.

Essa operação aconteceu no Mar do Caribe, contra um navio ligado à organização criminosa Tren de Aragua.

O Pentágono informou que o USS Gerald R. Ford será alocado na área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA, que abrange a América Central, América do Sul e Caribe.

O porta-voz Sean Parnell declarou que as forças adicionais aprimorarão e ampliarão as capacidades existentes para interromper o tráfico de drogas e enfraquecer as organizações criminosas transnacionais (TCOs).

De acordo com a Marinha americana, o USS Gerald R. Ford é considerado a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo. O navio foi comissionado em 2017, em cerimônia que contou com a presença do então presidente Donald Trump.

O nome do porta-aviões homenageia o 38º presidente dos Estados Unidos. Movido a energia nuclear, o navio tem mais de 335 metros de comprimento, comparado aos 280 metros do HMS Queen Elizabeth, maior navio guerreiro do Reino Unido.

O USS Gerald R. Ford pesa cerca de 100 mil toneladas, custou quase 13 bilhões de dólares e está equipado com mísseis de autodefesa ESSM e sistemas CIWS de curto alcance.

Segundo a Reuters, ele pode transportar aproximadamente 5.000 militares.

Após os ataques do Hamas a Israel em outubro de 2023, o USS Gerald R. Ford foi deslocado para a costa israelense naquele mês.

Agora, sua movimentação para o Caribe oferece recursos para ataques em terra. Trump mencionou diversas vezes a possibilidade de uma “ação terrestre” na Venezuela.

“Estamos certamente considerando ataques terrestres, porque controlamos bem o mar”, afirmou ele no início da semana.

A CNN reportou que Trump cogita atacar instalações e rotas do tráfico de cocaína dentro da Venezuela, ainda sem decisão final.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou os EUA de criarem uma guerra, afirmando que estão fabricando um conflito contínuo, contrariando promessas anteriores de não se envolver em guerras.

O porta-aviões divulgou sua última localização pública há três dias, na costa da Croácia, no Mar Adriático.

De acordo com o New York Times, o deslocamento até o Caribe pode levar entre sete e dez dias, dependendo do clima e velocidade.

O grande conjunto de aeronaves no navio pode incluir jatos e aviões de transporte e reconhecimento.

Não está confirmado quais embarcações acompanharão o USS Gerald R. Ford, mas podem haver contratorpedeiros armados com mísseis e outros equipamentos.

A maior parte dos ataques americanos a embarcações ocorreu no Caribe, mas houve ações no Pacífico em 21 e 22 de outubro.

Especialistas e parlamentares americanos questionam a legalidade dessas operações, considerando que o governo Trump conduz uma campanha de intimidação visando desestabilizar o governo venezuelano.

Nicolás Maduro, um opositor antigo de Trump, foi acusado pelo ex-presidente americano de liderar uma organização narcotraficante, acusações negadas pelo venezuelano.

Christopher Sabatini, pesquisador sênior da Chatham House, entende que a ofensiva militar busca intimidar os militares venezuelanos para que se afastem de Maduro e caracterizaria uma mudança de regime, sem uma invasão direta.

Tanto democratas quanto republicanos nos EUA manifestaram preocupações sobre a legalidade dos ataques e a autoridade de Trump para autorizá-los.

Em 10 de setembro, 25 senadores democratas enviaram carta à Casa Branca alegando ataques sem evidência de ameaça iminente aos EUA.

O senador Rand Paul afirmou que tais ações precisam de autorização do Congresso.

Trump defende que tem autoridade legal para ordenar as operações, indicando que possível ação terrestre poderá ser submetida ao Congresso.

O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que, para parar ataques a navios, deve-se evitar o envio de drogas aos EUA.

As mortes anunciadas na operação mais recente elevam para pelo menos 43 o número total de óbitos em ataques americanos na região.

Reportagem adicional de Mariana Alvim, BBC News Brasil, São Paulo.

Créditos: Reuters

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