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EUA ficam de fora de reunião sobre democracia na ONU em 2024

Os Estados Unidos não foram convidados para a reunião sobre democracia que ocorrerá durante a Assembleia Geral da ONU em 2024. Na primeira edição do encontro, os norte-americanos participaram, porém representados por um funcionário de segundo escalão do governo de Joe Biden.

A reunião é organizada por Brasil, Espanha, Chile e Uruguai, e cerca de 30 países foram convidados, embora a lista não tenha sido divulgada. Entre os participantes confirmados para 2024 estão Alemanha, França, Canadá e México. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também deve comparecer. O evento está marcado para quarta-feira, 24 de setembro, em Nova York.

O grupo que lidera o encontro justificou a ausência dos EUA dizendo que o governo de Donald Trump questiona instituições democráticas estrangeiras, como o STF no Brasil, além de ter retrocedido internamente ao pressionar a imprensa crítica.

Segundo membros do governo brasileiro, o país não está em condições de sugerir a participação dos Estados Unidos no momento em que enfrenta sanções e possíveis novas punições devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

O grupo também destaca que a ONU possui 193 membros, o que torna necessária a seleção para composição do encontro.

Em 2024, os EUA enviaram o então vice-secretário de Estado, Kurt Campbell. A indicação de um representante de segundo escalão, feita em cima da hora, causou desconforto na delegação brasileira, que viu isso como um desprestígio do governo Biden. Lula havia convidado diretamente Biden por telefone, mas os EUA avaliaram que a reunião poderia prejudicar a campanha eleitoral na qual a vice-presidente Kamala Harris concorria contra Trump.

O grupo, iniciado por Brasil e Espanha também durante a semana da Assembleia Geral da ONU em 2024, tem focado nas discussões sobre fake news e o papel das big techs, ataques a instituições democráticas e o impacto da desigualdade nas democracias.

Devido à agenda apertada dos chefes de Estado, o formato da reunião tem se limitado a declarações breves. Para aprofundar as discussões, estão previstas reuniões intermediárias, como a realizada no Chile em julho, e outra em 2026 na Espanha.

Na edição de 2024, Lula declarou que a democracia vive seu momento mais crítico desde a Segunda Guerra Mundial. Ele mencionou que no Brasil e nos EUA forças totalitárias promoveram ações violentas para contestar resultados eleitorais, que notícias falsas nas Américas enfraquecem a confiança e o processo eleitoral, e que na Europa e África a mistura de racismo, xenofobia, campanhas de desinformação e golpes continuam ameaçando a democracia.

O presidente caracterizou o extremismo como um sintoma de uma crise profunda e multifacetada, ressaltando que a extrema-direita e suas falsas narrativas tornaram a democracia um alvo vulnerável.

Créditos: Poder360

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