EUA incluirão governo de Maduro em lista de organizações terroristas
Em um aumento das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, o governo do presidente Donald Trump planeja incluir, nesta segunda-feira (24), o regime de Nicolás Maduro na lista de organizações terroristas designadas pelos EUA.
De acordo com Trump, essa classificação dará aos EUA o poder de atacar alvos associados a Maduro em solo venezuelano. Apesar disso, o presidente norte-americano afirmou que não pretende realizar tais ataques, mas manteve que “todas as opções” permanecem em consideração.
O secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, declarou na semana anterior que a designação amplia as opções disponíveis para o país.
Os EUA consideram Nicolás Maduro líder de uma organização criminosa chamada Cartel de los Soles, grupo influente no tráfico de drogas da América do Sul aos EUA, incluindo ações para desestabilizar a sociedade americana.
Além disso, Washington acusa o Cartel de los Soles de colaborar com a gangue venezuelana Tren de Aragua, que já foi classificada como organização terrorista estrangeira pelos EUA, no envio de drogas ao território norte-americano.
Maduro nega as acusações e a própria existência do Cartel de los Soles, posição que também encontra questionamentos entre especialistas.
A designação oficial do governo Maduro como grupo terrorista pelos EUA está prevista para ser efetivada nesta segunda-feira, o que gerou especulações sobre uma possível intensificação da operação militar americana no Mar do Caribe próximo à costa venezuelana.
Desde setembro, os Estados Unidos elevaram sua presença militar na região, enviando oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões Gerald Ford, o maior do mundo, que chegou às águas caribenhas recentemente.
O governo Trump afirma que essa operação tem como objetivo o combate ao narcotráfico na região. Desde o início da ação, as forças americanas realizaram ao menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, resultando na morte de 83 pessoas.
No entanto, os resultados apresentados pelo governo americano são contestados por especialistas que pesquisam o tema.
Há indícios de que Maduro, mesmo sem ser o líder direto, seja um dos principais beneficiários de uma “governança criminal híbrida” que estabeleceu no país.
Essa definição foi feita por Jeremy McDermott, cofundador e codiretor do InSight Crime, uma fundação dedicada ao estudo do crime organizado nas Américas, já consultado por jornais como The New York Times, The Washington Post e The Guardian.
Segundo McDermott, o Cartel de los Soles não é uma organização centralizada como outros cartéis famosos, como o Cartel de Sinaloa ou o Cartel de Medellín.
De acordo com o pesquisador, Maduro e seus aliados chavistas não controlam diretamente o tráfico, mas se beneficiam do comércio de cocaína distribuindo concessões a militares e aliados em troca de apoio político.
O termo “Cartel de los Soles” não foi criado pelos integrantes do grupo, que provavelmente não se identificam com esse nome, segundo McDermott.
Esse nome surgiu em 1993, durante o julgamento dos generais da divisão antidrogas Ramón Guillén Davila e Orlando Hernández Villegas, acusados de envolvimento com o tráfico.
O nome se refere às insígnias militares utilizadas pelos generais venezuelanos.
Desde então, o termo tem sido utilizado para descrever as atividades de tráfico de drogas enraizadas no Estado venezuelano e foi usado pelo Departamento de Justiça dos EUA na acusação envolvendo Nicolás Maduro.
Portanto, suas origens antecedem a eleição que levou Hugo Chávez ao poder em 1999.
Créditos: G1 Globo