EUA interceptam petroleiro na costa da Venezuela em ofensiva contra Maduro
Neste domingo (21), os Estados Unidos interceptaram o petroleiro Bella 1 em águas internacionais próximas à Venezuela, intensificando sua estratégia para pressionar economicamente o governo de Nicolás Maduro. Confirmada por agências internacionais, esta foi a segunda operação do fim de semana e a terceira em pouco mais de 10 dias. O navio, de bandeira panamenha, foi abordado pela Guarda Costeira americana enquanto seguia para os terminais venezuelanos para carregamento, cumprindo ordens recentes da Casa Branca que visam bloquear embarcações sancionadas.
Por trás dessas interceptações está uma disputa geopolítica centrada na maior reserva petrolífera mundial. De acordo com a Energy Information Administration (EIA), a Venezuela detém cerca de 303 bilhões de barris em reservas comprovadas, respondendo por 17% do total global conhecido, superando países como Arábia Saudita e Irã.
Apesar desse potencial, a extração enfrenta desafios, já que a maior parte do petróleo é extrapesado, requerendo investimentos elevados e tecnologia sofisticada. Esses recursos são limitados no país devido à infraestrutura degradada e às sanções internacionais.
A ofensiva do governo Trump tem objetivos duplos: além de estrangular a principal fonte de receita de Maduro, atende a interesses internos dos EUA. Dados da EIA indicam que o petróleo pesado venezuelano é adequado para processamento nas refinarias estadunidenses, especialmente na Costa do Golfo.
Desde 2019, com sanções mais severas ao setor energético venezuelano, o comércio depende de uma “frota fantasma” — navios que desligam rastreadores para esconder rotas e evitar punições. Contudo, o bloqueio atual tem gerado problemas logísticos: sem conseguir exportar, Caracas enfrenta escassez de capacidade para armazenar o petróleo acumulado.
A China é atualmente a maior compradora do petróleo venezuelano, adquirindo cerca de 4% do total de suas importações. Estima-se que os embarques de dezembro ultrapassem 600 mil barris diários. Embora o mercado chinês esteja abastecido no momento, analistas ressaltam que a continuação do bloqueio americano pode retirar quase um milhão de barris diários do mercado global, elevando os preços internacionais.
Paralelamente, o cerco aos petroleiros faz parte de uma operação militar mais ampla ordenada por Trump no Caribe e no Pacífico, com o objetivo de combater o contrabando de fentanil e outras drogas. Desde setembro, ataques a embarcações suspeitas já causaram mais de 100 mortes.
Essa postura foi reforçada por declarações recentes da chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, que afirmou que a intenção do presidente é continuar atacando embarcações até que Maduro ceda à pressão americana.
Créditos: Jovem Pan