EUA oferecem ajuda financeira para crise econômica na Argentina de Milei
Em um momento delicado para sua administração, o presidente argentino Javier Milei recebeu apoio econômico e político de Donald Trump após encontro em Nova York.
Na segunda-feira (22/9), o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, confirmou em mensagens no X que os Estados Unidos estão dispostos a fazer “o que for necessário” para ajudar a Argentina, deixando todas as possibilidades abertas. Esse sinal ao mercado indicou que um empréstimo norte-americano ao governo de Milei pode estar em estudo.
Entre as opções mencionadas pelo secretário, podem incluir-se a linha de swap cambial, compras diretas de moeda estrangeira e aquisição de títulos públicos denominados em dólar pelo Fundo de Estabilização do Tesouro (ESF). Essa iniciativa seria rara, similar ao empréstimo feito pelo presidente Bill Clinton ao México em 1994 para enfrentar a crise do Efeito Tequila.
Paralelamente, o Banco Mundial, com os EUA como principal acionista, acelerou sua ajuda, prometendo liberar US$ 4 bilhões de um pacote total de US$ 12 bilhões nos próximos meses.
O início do governo Milei foi marcado por medidas que agradaram os investidores, como cortes nos gastos públicos, redução do déficit fiscal e obtenção de um acordo de US$ 20 bilhões com o FMI. Contudo, dúvidas sobre o sucesso dessas políticas apareceram à medida que as reservas do Banco Central ficaram no vermelho e o apoio político diminuiu.
Em face disso, o Banco Central fez uma intervenção emergencial, destinando mais de US$ 1 bilhão de suas limitadas reservas para conter a volatilidade cambial.
Segundo a economista Marina Dal Poggetto, o governo argentino começou bem ao focar na compra de dólares e redução do déficit. Em abril, o empréstimo do FMI ajudou a manter a economia estável. Mas o modelo começou a falhar quando o país ficou sem dólares suficientes para honrar suas dívidas, pressionando a economia e prejudicando o crescimento.
Em julho, a confiança do mercado já estava abalada, e a derrota eleitoral em setembro na província de Buenos Aires afetou ainda mais a posição do governo ante os investidores.
Para mitigar a crise, o governo suspendeu temporariamente as retenções de impostos sobre exportações agrícolas até 31 de outubro, buscando aumentar a entrada de dólares antes das eleições legislativas.
A derrota eleitoral foi um golpe significativo, com o partido de Milei perdendo para a oposição na principal região eleitoral do país. Além disso, escândalos envolvendo sua irmã Karina Milei sobre supostos subornos também abalaram a confiança.
O governo enfrenta uma minoria no Congresso, dificultando a aprovação de projetos, enquanto governadores buscam recursos em troca de apoio. O índice de aprovação presidencial caiu, ampliando a preocupação dos investidores.
Especialistas afirmam que o peso argentino está supervalorizado entre 20% e 30%, o que contribui para a instabilidade financeira recente. Para restaurar a confiança e cumprir compromissos com detentores de títulos, seria necessária uma desvalorização cambial, através de diferentes estratégias, como a ampliação das faixas de variação do dólar.
É fundamental que a Argentina aumente suas exportações e reduza importações para gerar um superávit comercial, permitindo ao Banco Central e ao Tesouro acumular reservas.
Milei enfrenta um teste político crucial nas eleições de outubro, que decidirão o apoio à sua agenda econômica. Caso seus resultados não sejam favoráveis, o impacto nos mercados pode ser severo.
Até o momento, não há detalhes sobre o montante ou condições do possível empréstimo dos EUA ao governo argentino, nem o que Washington poderia exigir em troca. Essas questões deverão ser esclarecidas nas próximas semanas.
Créditos: G1 Globo