EUA realizam terceira perseguição a petroleiro sancionado perto da Venezuela
A Guarda Costeira dos Estados Unidos iniciou outra operação para apreender um petroleiro em águas internacionais próximas à Venezuela. Até a tarde deste domingo, o navio ainda estava sendo perseguido em alto-mar, sem ter sido abordado pelas autoridades americanas.
Trata-se do petroleiro Bella 1, registrado sob bandeira panamenha e sancionado pelos EUA, que seguia rumo à Venezuela para carregamento, conforme revelou uma fonte que preferiu permanecer anônima. Essa ação acontece logo após as abordagens do superpetroleiro Centuries, ocorrida na manhã de sábado, e do Skipper, em 10 de dezembro.
Inicialmente, algumas agências noticiaram que o navio já havia sido apreendido. Mesmo assim, esta foi a segunda tentativa de apreensão no último fim de semana e a terceira em menos de duas semanas.
“Agentes americanos estão em perseguição a uma embarcação da frota clandestina sancionada, envolvida em evasão ilegal de sanções impostas à Venezuela”, declarou um oficial dos EUA. “O navio navega sob bandeira falsa e possui ordem judicial de apreensão.”
Um outro funcionário confirmou à Reuters que o petroleiro está sob sanções, porém ainda não havia sido abordado. Ele explicou que as interceptações podem ocorrer de formas variadas, incluindo navegação ou sobrevoo próximo a embarcações suspeitas.
Os oficiais envolvidos não revelaram a localização exata da operação nem o nome da embarcação em perseguição.
Solicitado, a Casa Branca não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.
O governo dos EUA, sob a administração Trump, intensificou a pressão sobre Maduro, visando bloquear a principal fonte de receita do regime venezuelano. Caso a Venezuela seja impedida de exportar seu petróleo, os tanques de armazenamento poderão se encher, forçando a estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA) a interromper a operação de poços, apontam especialistas do setor.
Trump também designou o governo Maduro como uma organização terrorista estrangeira, acusando-o de envolvimento com o narcotráfico.
A abordagem do sábado foi notável porque o navio não estava na lista pública de sanções dos EUA. O petroleiro Centuries navegava sob bandeira panamenha, embora uma empresa chinesa detivesse a propriedade do petróleo transportado. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, o petroleiro carregava petróleo da PDVSA, que está sujeito a sanções.
Delcy Rodríguez, vice-presidente e ministra do Petróleo da Venezuela, condenou a apreensão do Centuries, classificando a ação como “um grave ato de pirataria” praticado pelos EUA.
A produção venezuelana de petróleo atingiu a meta oficial de 1,2 milhão de barris por dia, conforme anunciou Rodríguez no último fim de semana. Contudo, o bloqueio americano tem pressionado os estoques do país.
Romero, veterano da indústria petrolífera venezuelana residente em Houston, Texas, prevê que um possível colapso da produção poderá desencadear protestos, especialmente com a queda do valor da moeda e a dificuldade da população em adquirir alimentos. Esse cenário pode reduzir ainda mais as exportações e impactar a produção local, ao limitar o fornecimento do diluente leve necessário para o transporte do petróleo bruto.
Schreiner Parker, sócio e responsável pelos mercados emergentes da Rystad Energy, sediada em Oslo, afirmou que o bloqueio americano deve impedir grande parte da indústria marítima de transporte de petróleo de atender à Venezuela.
Paralelamente, autoridades americanas minimizam os impactos possíveis nos preços globais do petróleo. Kevin Hassett, chefe do Conselho Econômico Nacional dos EUA, afirmou no programa Face the Nation da CBS que o volume de petróleo apreendido é pequeno em comparação com a oferta mundial, e que os consumidores americanos não devem se preocupar com aumento de preços em decorrência dessas ações.
Créditos: Valor