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EUA tentam interceptar terceira embarcação perto da Venezuela em meio a pressão militar

No sábado (20), os Estados Unidos tentaram interceptar mais uma embarcação em águas internacionais próximas à costa da Venezuela, conforme reportagem do The New York Times. Inicialmente, agências de notícias como Reuters e Bloomberg haviam informado que o navio havia sido capturado.

Caso confirmada, essa seria a terceira apreensão de petroleiros realizada pelos EUA nas últimas semanas em áreas próximas à Venezuela, representando a segunda operação somente neste fim de semana. Ainda no sábado, os EUA já haviam apreendido outra embarcação.

Dias antes dessas ações, o ex-presidente Donald Trump anunciou um “bloqueio total” a todos os petroleiros sancionados que entram ou saem da Venezuela, intensificando a pressão contra o governo de Nicolás Maduro.

O petroleiro em questão, que se dirigia para a Venezuela para carregar petróleo, está sob sanções americanas desde o ano anterior por transportar petróleo iraniano, combustível supostamente vendido para financiar grupos terroristas, segundo autoridades federais dos EUA.

Um mandado de apreensão federal foi emitido para permitir a posse do navio devido ao envolvimento do Bella 1 no comércio de petróleo iraniano, não por conexões diretas com a Venezuela. O navio também não exibia uma bandeira nacional válida, caracterizando-o como um navio apátrida, o que permite abordagem em alto-mar.

De acordo com o The New York Times, o navio não atendeu à abordagem dos EUA, continuando a navegação e aparentando tentar fuga pelo mar do Caribe. Fontes citadas na reportagem descreveram a situação como “perseguição ativa”. A agência Reuters informou que as operações de interceptação podem variar e incluem navegação ou sobrevoo próximo a embarcações suspeitas.

A Venezuela, dona das maiores reservas petrolíferas mundiais, tem sua economia fortemente dependente da exportação dessa commodity. Especialistas afirmam que um bloqueio dos EUA às exportações venezuelanas poderia asfixiar sua economia, aumentando a pressão por mudanças no governo de Maduro.

A primeira apreensão de um petroleiro pelos EUA ocorreu em 10 de dezembro, ocasião em que Trump declarou que o país havia tomado “um navio muito grande por uma ótima razão”. Questionado sobre o destino do navio e sua carga, Trump declarou: “Acho que vai ficar conosco”.

O governo Maduro considera as ações dos EUA irracionais e uma “ameaça grotesca”. No sábado, o regime denunciou e rejeitou “categoricamente o roubo e o sequestro de uma nova embarcação privada que transportava petróleo venezuelano, assim como o desaparecimento forçado de sua tripulação”, atribuindo a responsabilidade aos militares americanos atuantes em águas internacionais.

Essas apreensões ampliam o cerco militar dos EUA contra o governo Maduro, que o país americano considera ilegítimo. Trump, em meio à sua campanha contra embarcações no Caribe, já ameaçou bombardear diretamente e enviar tropas ao país, ações que resultaram em mais de cem mortes.

Na sexta-feira (19), Trump declarou em entrevista que não descarta a possibilidade de uma guerra contra a Venezuela. No dia anterior, oito aviões do Exército dos EUA sobrevoaram o litoral próximo a Caracas, modelo usado para operações militares e vigilância.

A postura norte-americana tem sido alvo de críticas na cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, onde o presidente Lula, primeiro líder sul-americano a discursar, alertou que uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária e criaria um precedente perigoso para o direito internacional e para o mundo.

Créditos: Folha de S.Paulo

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