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18:06

Família enfrenta dificuldades para liberar corpo após megaoperação no Rio

Raquel Rodrigues encontrou dificuldades para reconhecer o corpo do filho Yago no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio, após a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão. A família queria ver o corpo antes da liberação, mas foi informada que isso só seria possível com a presença de um serviço funerário. Por outro lado, a Polícia Civil negou essa exigência, afirmando que a identificação ocorre por meio de técnicas forenses.

No estacionamento do IML, Raquel aguardava a liberação do corpo de seu filho, de 19 anos, desde quarta-feira. Na tarde de quinta-feira, ela relatou ter sido informada que seria necessária a presença de uma funerária para ver o corpo. Após reunião da Comissão de Direitos Humanos com o diretor do IML, foi finalmente chamada para o reconhecimento.

Ao confirmar que o corpo era de Yago, Raquel contou que ele estava decapitado. Ao sair do local, recebeu apoio de outras mães que também buscavam notícias. O pai de Yago, Alex Rosário, descreveu que o corpo estava dentro de um saco plástico sobre um carrinho, com a cabeça separada e em estado de decomposição, o que causou grande impacto emocional.

Mais cedo, a mãe fora informada que teria que assinar o documento de óbito para a liberação, e que o enterro teria gratuidade. O corpo, agora liberado, será levado ao Cemitério de Inhaúma. Alex disse ter assinado o documento mesmo sem ver o filho, mas a liberação não foi imediata, e ele destacou a angústia de não tê-lo visto antes.

No laudo recebido pela família, consta que Yago sofreu lesões nos pulmões e no estômago, além da decapitação. Alex também mencionou a preocupação com o prazo de 12 horas para realizar o sepultamento após a assinatura do documento, feita por volta das 11h40.

A Polícia Civil afirmou que não procede a informação sobre a necessidade de funerária para liberação e que há atendimento da Defensoria Pública para orientar as famílias. Também explicou que o reconhecimento visual, que pode ser falho, não é usado, sendo a identificação feita por técnicas forenses precisas.

A operação conjunta das polícias Civil e Militar resultou em 121 mortos, entre eles quatro policiais, e 115 suspeitos ligados ao tráfico. Foram também registrados 113 presos, 10 adolescentes apreendidos e a apreensão de 118 armas, incluindo 91 fuzis. A ação, considerada a mais letal da história do Brasil, visou integrantes do Comando Vermelho. O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que o número de mortos pode aumentar, pois corpos são contabilizados conforme chegam ao IML ou hospitais.

Créditos: O Globo

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