Fictor Holding anuncia compra do Banco Master com aporte de R$ 3 bilhões
A Fictor Holding Financeira comunicou nesta segunda-feira (17) a aquisição do Banco Master, realizada em parceria com um consórcio de investidores dos Emirados Árabes Unidos, que administram juntos mais de US$ 100 bilhões em ativos.
A transação, que ainda aguarda aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), inclui um aporte de R$ 3 bilhões, valor destinado a fortalecer a estrutura de capital do banco.
O conglomerado Fictor atua em diversos setores, como alimentos, gestão de recursos, pagamentos, energia e imóveis. O grupo patrocina o clube Palmeiras com um investimento anual de R$ 30 milhões e reúne cerca de 30 empresas que somam mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
Após finalização da negociação, a holding assumirá 100% das ações detidas por Daniel Vorcaro, fundador do Banco Master. Conforme o acordo apresentado ao Banco Central, Vorcaro deixará a empresa, será formado um novo conselho e escolhido um novo presidente.
A instituição financeira passará a contar também com um novo banco: o Banco Fictor.
O processo não inclui o Will Bank nem o Banco Master de Investimentos, que estão sendo negociados separadamente com outros grupos de investidores.
Rafael Góis, sócio da Fictor Holding Financeira, destacou em nota que a operação representa a entrada da Fictor no mercado financeiro brasileiro.
Daniel Vorcaro, que vinha vender ativos para injetar recursos no Banco Master, afirmou que a negociação demonstrou “a força e a resiliência” do banco.
Em setembro, o Banco Central rejeitou a tentativa do BRB (Banco de Brasília) de comprar o Master, num acordo que previa a aquisição de R$ 23 bilhões em ativos. O órgão regulador vetou a operação apontando risco de sucessão, pois o BRB teria que assumir diversas operações conhecidas e desconhecidas do Master.
O veto gerou incertezas sobre o futuro da instituição, sua capacidade de honrar os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos e a possibilidade de intervenção ou liquidação pelo Banco Central com o acionamento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Desde o fim do ano passado, o Banco Master enfrentava dificuldades financeiras. A estratégia de crescimento do banco contou bastante com receitas de baixa liquidez, como precatórios, enquanto pagava elevadas remunerações a investidores por meio de CDBs, garantidos pelo FGC.
Vorcaro vendeu ativos pessoais e buscou fechar negócios para aportar recursos, incluindo uma negociação com o BTG para venda de R$ 1,5 bilhão em ativos, como ações da Light, precatórios e imóveis, entre eles o prédio do Hotel Fasano em São Paulo.
Após a negativa do Banco Central à proposta do BRB, o fundador vendeu mais precatórios, direitos creditórios e a seguradora Kovr.
A Fictor Alimentos, uma empresa do grupo, tem ações negociadas na bolsa brasileira. Em 2024, comprou a Atom Participações, liderada pela influenciadora Carol Paiffer, por meio de uma operação conhecida como “IPO reverso”, facilitando a entrada da Fictor na B3. Após a aquisição, a Atom foi renomeada como Fictor Alimentos, braço do grupo no agronegócio.
O anúncio da compra do Banco Master ocorreu durante o pregão da bolsa, e as ações da Fictor Alimentos (ticker FICT3) fecharam o dia com alta de 2,3%, contabilizando valor de mercado de R$ 138,165 milhões.
No mês anterior, a FictorPay, empresa de pagamentos do grupo, sofreu um ataque cibernético que resultou no furto de R$ 24 milhões. A empresa utiliza tecnologia da startup Diletta, também invadida.
Créditos: Folha de S.Paulo