Política
22:06

Flávio Bolsonaro assume porta-voz e defende anistia após prisão de Jair Bolsonaro

Após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro foi designado porta-voz da família para concentrar as manifestações públicas do pai. Em reunião realizada na sede do PL, que contou também com a presença de Michelle Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Jair Renan, o advogado Paulo Bueno e parlamentares do núcleo ideológico do partido, Flávio declarou que o “objetivo único” da oposição é aprovar a anistia para os condenados e investigados pelos atos de 8 de janeiro.

Durante o encontro, os presentes decidiram apoiar a tramitação de um projeto na Câmara dos Deputados que reduz as penas relacionadas ao caso, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Essa medida tem como estratégia manter o tema em debate e, paralelamente, buscar alterar a proposta em plenário para alcançar a anistia total. Participaram da reunião parlamentares como Nikolas Ferreira, Altineu Cortês, Sóstenes Cavalcante, Rogério Marinho e Carlos Portinho.

Apesar da iniciativa, a proposta enfrenta resistência no Congresso, uma vez que o sucesso do destaque para reverter as penas dependeria de um apoio maior do que a bancada bolsonarista, que conta com pouco mais de noventa deputados. Rogério Marinho, líder do PL no Senado, afirmou que há diferentes opiniões dentro do partido sobre a anistia e a dosimetria das penas, e que prevalecerá a maioria dos votos.

Essa movimentação sinaliza uma mudança na postura do PL, que até a semana anterior defendia publicamente a anistia ampla como única alternativa. Agora, a bancada considera que apoiar a dosimetria das penas pode garantir uma reação política imediata à prisão do ex-presidente e abrir espaço para negociação com o Centrão.

Líderes de outros partidos indicam que não há clima para votar qualquer proposta ligada aos atos de 8 de janeiro. O tema será discutido na reunião de líderes marcada para terça-feira, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, só deve pautar o projeto se houver consenso, o que não ocorreu nas últimas semanas.

O projeto de redução de penas também beneficiaria Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, podendo diminuir sua pena em pelo menos sete anos.

Apesar do apoio simbólico do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em favor de Bolsonaro no último sábado, aliados avaliam que a pauta continua travada. Paulinho da Força esperava que a prisão do ex-presidente acelerasse a votação, mas a resistência do Centrão já leva à previsão de que o projeto não avance nesta semana.

Após a prisão de Jair Bolsonaro, o senador Flávio e a ex-primeira-dama Michelle foram considerados possíveis porta-vozes. Na reunião, Flávio foi escolhido para atuar como intermediador do pai. Nesta terça-feira, ele planeja visitar o ex-presidente na superintendência da Polícia Federal.

Flávio Bolsonaro ressaltou em entrevista que a saúde do pai está debilitada e demonstrou o desejo da família de que Jair Bolsonaro retorne para a prisão domiciliar, pedido que foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes após uma tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica.

O ministro Moraes justificou a prisão citando uma convocação feita por Flávio para uma vigília no sábado e alegou que o ex-presidente tentou remover a tornozeleira para fugir. Flávio negou qualquer intenção de fuga de seu pai e reiterou a versão da defesa de que ele estaria em surto psicológico.

Durante a audiência de custódia que manteve a prisão, Bolsonaro informou ter tomado sertralina e pregabalina, corroborado posteriormente pela equipe médica.

Créditos: O Globo

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