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Funeral de mortos pela polícia no Alemão gera comoção e revolta

Comoção e revolta marcaram o funeral de pessoas mortas durante uma operação policial nos complexos do Alemão e da Penha.

No final da tarde de quinta-feira (30), a reportagem acompanhou o velório e parte do enterro de Cauan Fernandes do Carmo Soares, de 22 anos. Segundo familiares, ele trabalhava como repositor de supermercado e não tinha envolvimento com o tráfico.

A irmã de Cauan, Grasiele Fernandes do Carmo da Silva, vendedora, relatou que a família, residente no complexo do Alemão, soube da morte pela televisão: “Ele estava em casa, saiu na rua e acabou morto. Eu estava dormindo e acordei com os tiros. Depois vimos a notícia e minha mãe reconheceu ele pelos pés no vídeo. Acredito que ele já tenha chegado morto ao local”.

“Destruíram a nossa família. Ela está destruída”, completou.

A reportagem recebeu autorização para acompanhar o velório, realizado em uma capela, e o enterro em cemitério localizado em Inhaúma, bairro próximo aos complexos do Alemão e da Penha.

Após uma salva de fogos que marcou a saída do cortejo, parentes de outra vítima da operação partiram contra equipes de reportagem presentes no local. Um homem ameaçou fotógrafos e cinegrafistas, dizendo que quebraria as câmeras caso fossem filmar ou fotografar.

Uma mulher expressou sua indignação em voz alta: “Querem filmar e fotografar agora? Na hora da polícia agir, onde estavam? Se tivessem registrado, não teria acontecido aquele massacre”.

A equipe seguiu a pé o cortejo fúnebre de Cauan, que percorreu 200 metros do velório à sepultura.

Ao chegar ao cemitério, entre novas reclamações de familiares de outras vítimas, os parentes de Cauan decidiram que não desejavam a presença da imprensa no momento do sepultamento, pedido que foi respeitado.

Créditos: Folha

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