Governadores criam ‘consórcio da paz’ após operação letal no Rio
Na tarde desta quinta-feira (30), governadores de seis estados se reuniram no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, para debater medidas relacionadas à segurança pública.
O encontro ocorre na mesma semana em que foi realizada a operação policial mais letal da história do estado, que resultou em 121 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, incluindo quatro agentes de segurança.
Participaram presencialmente os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Eduardo Riedel (MS). O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) participou virtualmente, assim como a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão.
Durante o encontro, os governadores anunciaram a criação do “consórcio da paz”, uma iniciativa para enfrentar a violência de forma conjunta, por meio da integração das forças de segurança e de equipes de inteligência. Contudo, não foram definidas medidas concretas de combate à criminalidade.
A reunião seguiu a megaoperação policial que culminou em 121 mortos e mais de cem presos. Cláudio Castro foi parabenizado pelos demais governadores pela ação e destacou a possibilidade de mudança na segurança pública brasileira com a união e efetividade das forças.
Castro também informou que haverá nova reunião para convidar outros estados a se juntarem ao consórcio.
O encontro foi organizado após uma reunião virtual, na quarta-feira (29), onde os governadores demonstraram apoio à operação e combinaram o envio de representantes ao Rio para discutir estratégias contra o crime organizado. Jorginho Mello foi quem articulou a reunião no Rio, reforçando a coesão política do grupo no enfrentamento da violência.
Ronaldo Caiado e Jorginho Mello explicaram que o consórcio pretende envolver os 27 estados da federação, com a finalidade de garantir uma resposta rápida e integrada a emergências, baseada em inteligência e operações imediatas.
Todos os presentes elogiaram a operação realizada no Rio, que contou com cerca de 2.500 agentes civis e militares, valorizando o profissionalismo e a coragem demonstrados.
Romeu Zema afirmou que a operação foi bem planejada e seus resultados, como apreensão de armamentos e prisões, foram positivos. Ele reforçou os elogios à ação do governador do Rio e das forças de segurança da cidade.
Celina Leão cobrou maior participação do Governo Federal na segurança pública, ressaltando a necessidade de medidas efetivas para combater a violência e criticando o silêncio de muitos líderes em relação ao tema.
Cláudio Castro enalteceu uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em abril, validou regras para a atuação policial em comunidades vulneráveis do Rio. Essa decisão, integrante da ADPF das Favelas, estabelece diretrizes para retomada de territórios e financiamento das ações de segurança.
Na quarta-feira (29), Castro e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado, que será coordenado pelo secretário de segurança do Rio, Victor Santos, com apoio federal.
Esse núcleo contará com o envio de 50 agentes da Polícia Rodoviária Federal, reforço na inteligência, disponibilização de vagas em presídios federais e apoio de peritos para investigações.
Durante o anúncio, Castro classificou o Comando Vermelho como “narcoterrorismo” e informou que, por enquanto, não vê necessidade de solicitar a Garantia da Lei e da Ordem ao Governo Federal.
Além disso, na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma nova lei que endurece o combate ao crime organizado e amplia a proteção a autoridades e servidores envolvidos nessa área. A legislação, de autoria do senador Sergio Moro (União-PR), criou dois novos tipos penais e prevê reforço na segurança pessoal de agentes públicos e seus familiares quando estiverem sob risco devido ao exercício de suas funções.
Créditos: g1