Greve de caminhoneiros mobiliza pautas políticas e divide categoria em 2025
A paralisação articulada por caminhoneiros nas redes sociais, prevista para iniciar em 4 de dezembro de 2025, não conseguiu reunir consenso entre os profissionais do setor. Entre as principais demandas estão pedidos de mudanças no serviço público e no Supremo Tribunal Federal (STF).
O movimento destaca pautas políticas que diferem das reivindicações tradicionais da categoria, levantando preocupações entre lideranças do setor. Luciano Régis, representante catarinense, afirmou que algumas bandeiras são de natureza política e não relacionadas ao transporte rodoviário, criticando o uso da categoria para questões que, segundo ele, afetam a sociedade em geral.
O documento divulgado contém 18 demandas, que combinam temas políticos, como a anistia total e irrestrita aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, e reivindicações específicas da atividade, como a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas, a manutenção do piso para veículos de 9 eixos e a isenção da pesagem entre eixos. Contudo, as pautas relacionadas à atividade encontram-se secundarizadas nas convocações virtuais.
Com mobilização limitada, vários integrantes do setor afirmam que as prioridades históricas dos caminhoneiros foram esvaziadas. Hemerson Galdim, presidente da Sindconpetro-PB e representante da Fenttrocar, avaliou que a greve perdeu força antes mesmo de começar, citando a ausência de discussões formais, como assembleias para definir as reivindicações, o que não ocorreu neste caso.
Para garantir respaldo jurídico, Chicão Caminhoneiro, da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), divulgou um vídeo junto ao desembargador aposentado Sebastião Coelho, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), anunciando a intenção de protocolar uma ação para formalizar a paralisação no âmbito nacional.
Apesar da circulação da gravação entre políticos da direita bolsonarista, como o senador Cleitinho Azevedo (PL-MG), o movimento não teve apoio unânime dentro do próprio grupo. De forma contrária, o deputado Zé Trovão (PL-SC), participante das paralisações de 2021, rejeitou publicamente a proposta, destacando que agir em favor do ex-presidente Bolsonaro poderia agravar a situação dele.
Wallace Landim, conhecido como “Chorão” e presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), figura que teve papel central nas mobilizações de 2018, também manifestou oposição à convocação atual. Defendeu o direito ao protesto, porém ressaltou a importância da cautela, dado o papel crucial do transporte rodoviário para o funcionamento do país.
Créditos: R7