Haddad aponta boa química entre Trump e Lula e destaca agenda econômica entre Brasil e EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira (23) que “parece” que o “companheiro Trump” gostou do “companheiro Lula” e que eles agora devem focar em discutir “o que importa”. A declaração ocorreu após o presidente dos Estados Unidos dizer que teve uma “química excelente” com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem considerou “um cara muito agradável”.
No início da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Trump relatou que encontrou Lula rapidamente antes do seu discurso. Fontes do governo brasileiro confirmaram que a reunião entre os presidentes está marcada para a próxima semana, sem detalhar se será presencial ou virtual.
Ao ser questionado sobre os temas que o Ministério da Fazenda pretende abordar na conversa, Haddad ressaltou a importância de “separar a política da economia”. Ele também destacou que o Brasil tem “enormes possibilidades” de parcerias globais, especialmente com os EUA.
O ministro lembrou que durante o governo anterior dos EUA, de Joe Biden, existiam discussões em áreas como energia, transição ecológica, aproveitamento de minerais estratégicos e reindustrialização do Brasil, temas que podem ser retomados.
Sobre a tarifa de 50% aplicada pelos EUA a produtos brasileiros, conhecida como tarifaço, Haddad defendeu a “reversão das tarifas” e afirmou que o Brasil demanda oficialmente a reversão dessa decisão no processo de negociação.
Será a primeira conversa direta entre os presidentes desde que Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos. Além das tarifas, a pauta inclui sanções aplicadas por Washington a autoridades do Executivo e do Judiciário brasileiros. Trump já se manifestou contrariamente ao julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado seu, a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Apesar da nova aproximação, o clima entre os países segue tenso desde julho, quando Trump anunciou o tarifaço. No discurso desta terça, ele também criticou o Brasil, acusando o Judiciário brasileiro de “censura, repressão e perseguição a críticos políticos”.
Em sua fala na ONU, Trump contou que o breve encontro com Lula aconteceu ao entrarem e saírem do plenário, durando cerca de 20 segundos. Ele declarou que sentiu uma “ótima química” e que gosta do presidente brasileiro, destacando que só faz negócios com quem gosta.
Lula, por sua vez, falou na Assembleia antes de Trump e criticou sanções e interferências externas, classificando as agressões ao Judiciário nacional como “inaceitáveis”. Defendeu a regulação das redes sociais como forma de combater crimes virtuais, afirmando que regular não é restringir liberdade de expressão.
O presidente condenou atentados do Hamas, mas afirmou que “nada justifica o genocídio em curso em Gaza”. Enfatizou sua defesa pelo multilateralismo, a necessidade de reformar a ONU para maior voz do Sul Global, e pediu diálogo na Venezuela e solução realista na guerra na Ucrânia.
Na área ambiental, convidou para a COP30 em Belém e alertou sobre a crise climática global, dizendo que “bombas e armas nucleares não vão nos proteger dessa crise” e que 2024 foi o ano mais quente já registrado.
Durante seu discurso na ONU, Trump criticou a entidade, negou o aquecimento global e se vangloriou de encerrar “sozinho sete guerras”. Recebeu aplausos apenas ao pedir cessar-fogo na Faixa de Gaza. Também fez críticas a Rússia e China, sugerindo que o coronavírus foi criado em Pequim, e ridicularizou energias renováveis e previsões climáticas.
Créditos: g1