Hamas e Israel retomam negociações de paz em Gaza com EUA, Qatar e Turquia
Representantes de Israel e do Hamas retomaram hoje o terceiro dia de negociações que podem concretizar um acordo de paz para encerrar a guerra em Gaza após dois anos de conflito.
Delegações dos Estados Unidos, Turquia e Qatar juntaram-se hoje aos debates realizados em Sharm el-Sheikh, no Egito. Esses países enviaram representantes para integrar as conversas em busca de soluções para o enclave.
O governo dos EUA foi o proponente de um acordo que prevê a paz e o fim da guerra. O presidente Donald Trump sugeriu um cessar-fogo em 20 pontos, que foi inicialmente aceito por Israel e pelo Hamas. Nos debates, o país norte-americano está representado pelo enviado especial para o Oriente Médio, Stevie Witkoff, e o genro de Trump, Jared Kushner.
Qatar enviou o primeiro-ministro Mohammed bin Abdulrahan Al Thani para participar das negociações. Em comunicado, o país destacou seu papel como mediador com o objetivo de “alcançar um acordo que ponha fim à catastrófica guerra na Faixa de Gaza”.
A delegação turca é liderada pelo chefe dos serviços de inteligência, Ibrahim Kalin. A Turquia mantém relações próximas com o Hamas e se recusa a classificá-lo como grupo “terrorista”, diferentemente da maioria dos países ocidentais.
A primeira reunião no Egito ocorreu na segunda-feira. Até agora, os dois lados não chegaram a um consenso que encerre a guerra.
Trump expressou otimismo pelo fim do conflito. O presidente reconheceu que, durante anos, as partes tentaram acordos sem sucesso, mas ressaltou que o Hamas “está aceitando ceder em coisas muito importantes” para a resolução do conflito.
Vinte reféns israelenses seguem supostamente vivos após dois anos em cativeiro, embora seu estado de saúde e destino sejam incertos. Em alguns casos, reféns antes tidos como vivos retornaram a Israel em caixões, como o franco-israelense Ohad Yahalomi, em fevereiro.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o conflito vive “dias cruciais” para a tomada de decisões. Ao completar dois anos da guerra, ele destacou que continuará “a agir para alcançar todos os objetivos da guerra”, incluindo “a eliminação do regime do Hamas”.
Israel manteve bombardeios em Gaza. As Forças de Defesa confirmaram operações “cirúrgicas” contra alvos do Hamas ontem. O governo israelense também exige a libertação imediata de todos os reféns capturados pelo Hamas em outubro de 2023.
Por sua vez, o Hamas divulgou suas condições para aceitar o acordo proposto pelos EUA. O porta-voz do grupo, Fawzi Barhoum, afirmou que a delegação busca “superar todos os obstáculos” para um acordo que atenda às “aspirações do povo de Gaza”.
Entre as principais exigências do Hamas está a cessação do bloqueio e a libertação de prisioneiros, entre outros pontos. Apesar do avanço, Barhoum acusou Israel de tentar “obstruir e frustrar” esta rodada de negociações. Ele acrescentou que, apesar da força militar e do apoio americano, Israel não alcançará uma “falsa imagem de vitória”.
Créditos: UOL