Hong Kong revela falha em alarmes de incêndio após tragédia com 128 mortos
Investigação preliminar sobre o incêndio no condomínio de arranha-céus em Hong Kong indicou que os alarmes de incêndio não funcionaram corretamente. O desastre resultou em pelo menos 128 mortes e 200 desaparecidos.
O chefe dos bombeiros, Andy Yeung, informou que todos os oito prédios residenciais possuíam alarmes defeituosos. “Os alarmes de incêndio não estavam desligados, mas não soaram durante nossos testes”, declarou Yeung, que acrescentou que medidas legais serão tomadas contra os fornecedores desses equipamentos.
Placas de isopor usadas para vedar janelas foram consideradas “altamente inflamáveis”. Segundo Chris Tang, secretário de Segurança, o fogo começou nas telas de proteção que cobriam os prédios e se espalhou pelos vedadores nos andares inferiores do Edifício Wang Cheong.
De acordo com a investigação inicial, a alta temperatura das placas de isopor em chamas fez com que a tela de proteção, o bambu e outros materiais pegassem fogo. Isso provocou a quebra de vidros, permitindo a propagação do fogo para dentro dos prédios e a combustão de outros objetos, explicou Tang.
A apuração deve durar de três a quatro semanas. O comissário interino, Andrew Kan, afirmou que os prédios só serão reabertos após a polícia concluir a coleta de provas, e que os agentes precisam aguardar as estruturas esfriarem, pois ainda há áreas com temperaturas acima de 200 °C.
Oito pessoas suspeitas de ligação com o incêndio foram presas. Seis detenções ocorreram recentemente pela Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong, enquanto dois diretores da consultoria Will Power Architects também foram detidos por homicídio culposo devido à presença de materiais inflamáveis na fachada em obras de manutenção.
Dos falecidos, 39 já foram identificados. Enquanto as equipes apagavam focos em torres que ainda fumegavam, familiares examinavam fotos dos mortos registradas pelos socorristas.
Chris Tang não descartou a possibilidade de que mais corpos sejam encontrados quando a polícia iniciar investigações detalhadas no prédio. “Nosso objetivo agora é garantir que a temperatura diminua e, assim que for seguro, a polícia conduzirá uma investigação aprofundada”, afirmou.
As operações de resgate de sobreviventes foram finalizadas, com pelo menos 79 feridos, incluindo 12 bombeiros que atuaram no combate ao fogo.
O incêndio ocorreu no condomínio Wang Fuk Court, localizado em Tai Po. O complexo é formado por oito prédios de 31 andares, com cerca de dois mil apartamentos onde viviam mais de 4.600 pessoas.
O incidente aconteceu após um ano de reclamações sobre a segurança do local. No ano anterior, moradores foram informados pelas autoridades sobre riscos “relativamente baixos” de incêndio, apesar de queixas repetidas acerca da inflamabilidade durante reformas em andamento.
Desde 1948, não se registrava um incêndio tão letal em Hong Kong, quando 176 pessoas morreram em um incêndio em um armazém. O desastre lembra o incêndio da Grenfell Tower, em Londres, que matou 72 pessoas em 2017.
A investigação contou com informações da Reuters.
Créditos: UOL