Incêndio em Hong Kong mata 36 e é agravado por andaimes de bambu
Pelo menos 36 pessoas morreram e 279 seguem desaparecidas após o incêndio mais letal em Hong Kong nas últimas três décadas, ocorrido nesta quinta-feira (26) em torres residenciais. As construções estavam revestidas com andaimes de bambu, material inflamável que potencializou o fogo.
Mais de 10 horas depois do início das chamas no distrito de Tai Po, zona norte da cidade, as torres de 32 andares ainda eram consumidas por fogo e fumaça densa.
A origem do incêndio ainda é desconhecida, mas acredita-se que o uso de andaimes de bambu tenha acelerado a propagação do fogo. Por questões de segurança, o governo local havia iniciado em março a eliminação gradual do uso desse tipo de andaime.
Este é o segundo incêndio em menos de dois meses em prédios de Hong Kong que utilizam andaimes de bambu. Em outubro, um outro incêndio atingiu um arranha-céu no distrito comercial central da cidade, provocado provavelmente por uma bituca de cigarro. Naquela ocasião, não houve mortes, porém quatro pessoas precisaram de atendimento hospitalar.
A técnica de andaimes de bambu, antiga e ainda amplamente empregada em Hong Kong, está cada vez mais questionada em relação à segurança e durabilidade, embora siga sendo fundamental para construção e reformas na cidade densamente populosa.
Na manhã do dia 26, quando os bombeiros ainda combatia as chamas, partes dos andaimes começaram a desabar, enquanto dezenas de veículos de emergência permaneciam na rua em frente ao local.
O presidente chinês Xi Jinping determinou um “esforço total” para controlar as chamas e reduzir danos humanos e materiais, informou a emissora estatal CCTV.
Os altos preços imobiliários em Hong Kong são motivo de descontentamento na população, e esta tragédia tende a aumentar o ressentimento contra as autoridades antes das eleições municipais legislativas previstas para início de dezembro.
Este incêndio é o mais grave desde novembro de 1996, quando 41 pessoas morreram em um prédio comercial no distrito de Kowloon. Naquele evento, o fogo começou durante serviços de soldagem em reformas internas, o que motivou uma investigação pública e a reformulação das normas de construção e segurança contra incêndios em escritórios, lojas e residências de vários andares.
Hong Kong é uma das poucas regiões que ainda utiliza andaimes de bambu em larga escala na construção civil. O governo anunciou a substituição gradual por estruturas metálicas em obras públicas, com a meta de que metade das novas construções adotem esse material.
O complexo residencial Wang Fuk Court, localizado em Tai Po, região próxima à fronteira com a China continental, é uma das áreas residenciais mais densas da cidade, com cerca de 300 mil habitantes. Esse conjunto habitacional está em reforma há um ano, com investimentos de aproximadamente HK$ 330 milhões (US$ 42,43 milhões).
Ter uma moradia própria em Hong Kong é um grande desafio devido ao custo elevado dos imóveis e ao aluguel com valores próximos de recordes históricos.
Créditos: CNN Brasil