Isenção do IR até R$ 5.000 reduz pagadores a nível da pandemia em 2026

O Imposto de Renda deixará de ser pago por cerca de 11 milhões de pessoas em 2026 em comparação a 2025. A Câmara aprovou, em 1º de outubro de 2025, a isenção para quem recebe até R$ 5.000 mensais. A proposta deve ser aprovada pelo Senado nos próximos dias, cumprindo uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com essa mudança, a base de contribuintes do Imposto de Renda no Brasil deve cair dos cerca de 44 milhões em 2025 para aproximadamente 34 milhões em 2026. Essa projeção foi feita pelo Poder360 com base em estimativas divulgadas pelo governo sobre isentos, já considerando o crescimento orgânico da base, que teve média de 1,1 milhão em 2023 e 2024.

O número atualizado de declarantes voltará ao patamar de 2020, no período da pandemia. Os beneficiados com a nova isenção deixarão de pagar imposto a partir de 1º de janeiro do próximo ano, mas só serão obrigados a enviar suas declarações em 2027.

Em 2022, o Brasil ocupava a 66ª posição num ranking de 139 países pela proporção de pagadores de Imposto de Renda em relação à população. Este é o dado comparativo mais recente disponível.

Esse dado consta em relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que utiliza informações da International Survey on Revenue Administration. Com a nova isenção, o Brasil tende a cair na posição desse ranking.

O infográfico do relatório demonstra que o percentual maior de pessoas pagando imposto de renda está geralmente associado a países mais desenvolvidos.

Percentuais elevados, como em alguns países, podem ser explicados pela universalização do cadastro e retenção na fonte dos impostos, como ocorre em economias nórdicas. Nesses locais, todos os trabalhadores e beneficiários de pensões, juros ou benefícios tributários fazem declarações, mesmo que recebam reembolso ou não paguem imposto.

Segundo levantamento do Poder360, a isenção do IR até R$ 5.000 beneficiará principalmente as regiões Sul e Sudeste, onde há mais trabalhadores formais e maior riqueza histórica.

De acordo com o governo, entre 10 e 11 milhões de pessoas deixarão de pagar imposto, e aproximadamente 5 a 6 milhões terão desconto no pagamento, pois ganham entre R$ 5.000 e R$ 7.350 por mês.

Essa isenção foi promessa central da campanha de Lula e mencionada por ele ao menos 20 vezes durante a eleição e após assumir o cargo. O valor de R$ 5.000 foi uma decisão política, não resultado de cálculo técnico.

Créditos: Poder360