JBS fortalece relação com governo Maduro vendendo US$ 1,2 bi em alimentos na crise
A JBS, controlada por Joesley Batista, firmou uma relação estreita com o governo de Nicolás Maduro ao fornecer alimentos durante a severa escassez na Venezuela em 2015 e 2016, com vendas totalizando cerca de US$ 1,2 bilhão. Neste período crítico, a empresa foi vista como essencial para o país em meio à crise econômica.
O grupo J&F, controlador da JBS, está agora buscando ampliar seus negócios no setor de petróleo e energia junto à Venezuela. A Fluxus, sua subsidiária de óleo e gás, investiga oportunidades no setor petrolífero venezuelano, enquanto a Âmbar Energia, outra subsidiária do grupo na área energética, foi autorizada desde 2023 a importar energia elétrica gerada na usina de Guri para Roraima, visando substituir a energia termelétrica por hidrelétrica. Contudo, essa operação ainda não foi iniciada devido a desafios técnicos com a linha de transmissão.
A relação entre Joesley Batista e Maduro remonta a mais de uma década, com a JBS vendendo grandes volumes de alimentos ao governo venezuelano, especialmente durante a escassez entre 2015 e 2016. Naquela época, o preço do petróleo caiu drasticamente, reduzindo as reservas cambiais para importações. Esse cenário levou a um acordo especial, com a JBS sendo apontada como uma “tábua de salvação” para o governo durante a crise de abastecimento.
Em 2017, durante investigações da operação “Carne Fraca” no Brasil, foi relatado que a Venezuela pagou cerca de US$ 2,1 bilhões a empresas brasileiras, inclusive à JBS, por importações de carne. O programa de alimentos subsidiados do governo venezuelano, CLAP, enfrentou acusações de corrupção, inclusive por parte do Departamento do Tesouro dos EUA.
Além disso, Joesley Batista mantém importante influência nos Estados Unidos, onde a JBS tem forte presença comercial. Em setembro do ano anterior, ele se reuniu com o então presidente Donald Trump para tratar da taxação de 50% aplicada pela Casa Branca sobre a carne brasileira exportada para o mercado americano.
Metade da receita mundial da JBS vem dos EUA. A empresa passou a negociar ações na Bolsa de Nova York e projeta investir US$ 835 milhões naquele país em fábricas de linguiça e bacon. A Pilgrim’s, produtora americana de carne de frango adquirida pela JBS, foi uma das maiores doadoras da campanha de Trump, tendo contribuído com US$ 5 milhões.
Esta posição estratégica da JBS nos EUA também legitimou o encontro de Joesley com Maduro, numa fase delicada das relações comerciais e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos devido às tarifas elevadas sobre produtos brasileiros.
Créditos: O Globo