Jorge Messias busca apoio evangélico para indicação ao STF
Jorge Messias, atual advogado-geral da União (AGU) e possível indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), está articulando apoio junto a pastores evangélicos, grupo que o governo Lula tem procurado conquistar. Messias, um cristão declarado que frequenta a Igreja Batista de Brasília, conta com o apoio de lideranças evangélicas ligadas ao PT. Sua eventual nomeação representaria a presença de dois ministros evangélicos no STF, ao lado de André Mendonça.
Messias tem construído uma ponte entre Lula e as igrejas, defendendo a laicidade do Estado e mantendo diálogo com diversas vertentes evangélicas. O advogado-geral da União tem reunido respaldo tanto de segmentos evangélicos mais progressistas quanto de alas conservadoras, que vêem na possibilidade inédita de dois ministros crentes na Corte uma conquista histórica.
Frequentador da igreja de um aliado da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), Messias também mantém contatos com aliados do ex-presidente Bolsonaro. Ele já fora cogitado para o STF em 2023, mas com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso em 2025 seu nome voltou a ganhar força, principalmente por ser alguém de confiança do presidente Lula e representativo do segmento evangélico.
Criado em lar evangélico, Messias cita regularmente sua formação religiosa, iniciada pelos pais Edna e Edson. Desde 2016 frequenta a Igreja Batista Cristã em Brasília, onde exerce funções como diácono e já integrou o conselho fiscal. O pastor Sérgio Carazza, líder da igreja, foi secretário-executivo no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, na gestão Bolsonaro.
Messias é descrito por seu pastor como um evangélico “raiz”, de esquerda conservadora que valoriza princípios cristãos e a defesa dos trabalhadores. Mesmo exercendo cargos públicos elevados, mantém presença ativa na igreja, acolhendo os fiéis pessoalmente. Possui boa interlocução com representantes das tradições batistas e presbiterianas e é reconhecido por entidades como a Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) como um contato importante no governo Lula, sobretudo em debates como o do Plano Nacional de Educação.
Ele defende a liberdade do proselitismo religioso em escolas confessionais, alinhando-se às lideranças das igrejas, e fundamenta suas posições em bases jurídicas. Messias estudou em uma instituição católica durante a juventude, o que reforça sua visão pluralista.
Apesar de interlocução mais reservada com líderes pentecostais e neopentecostais, Messias tem buscado aproximação com esses grupos e tem participado, desde 2023, da Marcha para Jesus, evento organizado pela Igreja Renascer em Cristo. Sua participação teve momentos de vaias ao mencionar Lula, mas também aplausos em discursos com referências religiosas.
Pastores ligados ao governo Bolsonaro, como Silas Malafaia, descartar rejeição automática ao seu nome, ainda que divergências ideológicas existam. Caso seja nomeado, Messias será o segundo ministro declarado evangélico no STF, juntando-se a André Mendonça, que é presbiteriano e foi indicado no governo Bolsonaro.
Os dois ministros têm trocado gestos de respeito e amizade em eventos jurídicos e políticos, mesmo com diferenças partidárias. Messias reconhece na bancada evangélica da Câmara parlamentares que não apoiam Lula, mas busca diálogo e orações pelo grupo.
No ano anterior, Messias participou de vídeos da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, destacando que a laicidade do Estado garante a liberdade religiosa, conceito histórico das igrejas protestantes no Brasil. No PT, ele é visto como um elemento de mediação entre Lula e as igrejas, mantendo boas relações com lideranças evangélicas de perfis diversos.
Pastores progressistas e conservadores veem seu nome com simpatia e alguns expressam orações para sua indicação ao STF.
Créditos: O Globo