Economia
15:07

Lula afirma que França sozinha não barrará acordo Mercosul-União Europeia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou neste sábado (20) que a França, isoladamente, não conseguirá impedir o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

A afirmação ocorreu após a suspensão da assinatura do tratado que estava prevista para este dia.

Em entrevista a jornalistas depois da reunião da cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, Lula revelou ter conversado com a presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von Der Leyen, que está pronta para formalizar o acordo no início de janeiro.

A Comissão Europeia pretendia concretizar o pacto neste sábado, o que criaria a maior zona de livre comércio do mundo. O plano foi modificado depois que a Itália se alinhou à França para solicitar o adiamento e defender maior proteção para seu setor agrícola.

Lula afirmou que a oposição da França ao tratado não é novidade e que o recente obstáculo veio após manifestação da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

Fontes ouvidas pela agência AFP indicam que a finalização do acordo ocorrerá no dia 12 de janeiro, no Paraguai. Úrsula Von Der Leyen explicou que o adiamento é breve e está confiante de que há maioria suficiente para a assinatura.

O presidente francês, Emmanuel Macron, ressaltou que seu país não apoiará o tratado sem garantias adicionais para os agricultores. Ele também avisou que a França se oporá a qualquer tentativa de forçar a aprovação do acordo com o bloco sul-americano.

Na sexta-feira, Macron disse que ainda é cedo para avaliar se o atraso de um mês será suficiente para atender às exigências francesas, mas demonstrou esperança.

A primeira-ministra da Itália declarou que seu governo está disposto a assinar o acordo, desde que as preocupações dos agricultores italianos sejam atendidas, tarefa que depende da Comissão Europeia e pode ser resolvida rapidamente.

Enquanto a França mantém resistência, o chanceler alemão Friedrich Merz e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez apoiam avanços no acordo já firmado politicamente em 2024 entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Alemanha, Espanha e países nórdicos acreditam que o tratado ajuda a compensar o impacto das tarifas dos Estados Unidos contra produtos europeus e reduz a dependência da China, ampliando acesso a minerais e mercados.

Merz destacou que a União Europeia deve tomar decisões para preservar sua credibilidade na política comercial global.

O processo está em análise no Conselho Europeu, que tem a atribuição de autorizar formalmente a Comissão Europeia a ratificar o acordo. Diferente do Legislativo, que exige maioria simples, o Conselho precisa de maioria qualificada: no mínimo 15 entre 27 países representando 65% da população da UE.

Este é o principal risco político para o avanço do acordo.

Embora o debate público tenha foco no agronegócio, o pacto entre Mercosul e UE é abrangente, também incluindo indústria, serviços, investimentos, propriedade intelectual e insumos produtivos, o que explica o apoio de vários setores econômicos europeus.

A expectativa era que, com o avanço no Conselho, Úrsula von der Leyen visitasse o Brasil ainda este ano para confirmar a ratificação, o que agora não deve mais acontecer.

A cúpula do Mercosul reuniu líderes da região, incluindo Lula e presidentes do Panamá, Argentina, Paraguai, Uruguai, além de ministros, em Foz do Iguaçu, Paraná, em 20 de dezembro de 2025.

Créditos: g1

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