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18:07

Lula anuncia liderança de homens contra a violência a mulheres no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta-feira (4 de dezembro de 2025) que liderará um movimento de homens contra a violência dirigida às mulheres no Brasil. Em evento no Ceará, o presidente afirmou que é necessário mudar comportamentos e que homens não podem mais se manter passivos diante dessas agressões.

“Eu vou liderar o movimento dos homens que prestam nesse país. Nós, homens, não podemos mais ficar quietos, ficar passivos contra a violência que está se estabelecendo nesse país contra as mulheres”, declarou Lula durante a cerimônia de entrega da Carteira Nacional Docente e equipamentos do programa Mais Professores.

O presidente também deixou claro que não aceitará votos de agressores: “Eu quero olhar na cara dos companheiros. Eu tenho até coragem de chegar na época da eleição e dizer, o vagabundo que bate na mulher não precisa votar no Lula”.

Essa é a quarta vez em menos de um dia que Lula aborda o tema da violência contra as mulheres, intensificando o discurso após casos recentes de feminicídio repercutirem nacionalmente.

Na terça-feira (2 de dezembro), em Pernambuco, ele declarou que a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, pediu que ele adotasse uma postura mais rigorosa no combate à violência contra as mulheres. Nessa ocasião, chegou a afirmar que pena de morte seria “suave” para agressores.

No Ceará, Lula classificou a violência como um problema dos homens, e não das vítimas: “Não é problema das mulheres, é problema de um animal chamado homem. É problema nosso”.

Ele citou casos recentes que chocaram o país, como o de Taynara Souza Santos, atropelada e arrastada por cerca de 1 quilômetro pelo ex-companheiro, em São Paulo, no dia 29 de novembro, que resultou na amputação de suas duas pernas.

Outro caso mencionado foi o incêndio que vitimou Isabely Gomes de Macedo, grávida, e seus quatro filhos no Recife, ocorrido no mesmo sábado, em que o companheiro teria usado gasolina para provocar o fogo durante uma discussão e trancado a família dentro de casa, atingindo cerca de 20 moradias na comunidade.

Lula convocou “homens com caráter” e dignidade para que não aceitem que pessoas próximas adotem comportamentos violentos contra mulheres: “Nós homens que temos caráter, que temos dignidade, não podemos aceitar que alguém ligado a gente seja violento contra a mulher”.

O presidente tem modificado seu discurso sobre as mulheres. Declarações machistas feitas anteriormente por ele já geraram controvérsias, como em abril de 2025, quando chamou a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, de “mulherzinha”, e em março do mesmo ano, ao dizer que nomeou “uma mulher bonita”, Gleisi Hoffmann, para melhorar a relação com o Congresso.

Apesar das declarações, os índices de feminicídio no Brasil continuam altos. De 2020 a 2024, o país registrou entre 1.355 e 1.459 casos anuais, correspondendo a cerca de quatro mulheres assassinadas por dia, segundo dados do Observatório da Mulher no Senado.

Um relatório recente da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), sobre o Plano Nacional de Prevenção aos Feminicídios, apontou baixa execução das medidas previstas e dificuldades na articulação entre governo federal, estados e municípios.

O documento indica que a maioria das vítimas não acessa a rede especializada de atendimento. O desconhecimento desses serviços é alto: somente 38% das mulheres já ouviram falar da Casa da Mulher Brasileira. A subnotificação também é significativa, com 59% das mulheres não denunciando seus agressores.

O plano nacional conta com R$ 2,5 bilhões previstos no Orçamento e 73 ações distribuídas em diferentes áreas. Entre seus desafios estão a baixa adesão dos estados, contingenciamento de recursos e falta de capacitação adequada dos profissionais envolvidos.

Créditos: Poder360

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