Economia
18:05

Lula deve mediar conflito entre EUA e Venezuela em reunião com Trump na Malásia

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump estão previstos para realizar uma reunião bilateral pela primeira vez neste domingo. O encontro ocorrerá na Malásia, às margens da cúpula da Asean em Kuala Lumpur, e terá como foco principal o imposto de 50% aplicado pelos EUA sobre produtos brasileiros exportados.

Embora o tema comercial seja o destaque, pautas delicadas da geopolítica, como a situação na Venezuela, também podem ser discutidas. Os Estados Unidos movem uma ofensiva contra o regime de Nicolás Maduro, com o envio de embarcações militares para a costa venezuelana. O Brasil, vizinho da Venezuela, desaprova essa mobilização e mantém uma posição contrária a intervenções estrangeiras na região.

Nos bastidores do Itamaraty, Lula pretende ampliar a conversa além do tarifaço. Ele quer reforçar o convite a Trump para participar da COP30, marcada para o mês seguinte em Belém, além de debater outras questões regionais e globais.

A pressão dos EUA sobre a Venezuela reacendeu tensões na América Latina e desafia a capacidade de articulação política de Lula. O presidente busca equilibrar a defesa da soberania dos países vizinhos com a manutenção de diálogo pragmático com Washington.

Lula deve se posicionar como mediador do conflito, destacando que o Brasil pode atuar em prol da paz no continente latino-americano, optando por negociações e soluções diplomáticas ao invés de confrontos diretos em meio ao aumento das tensões com a Venezuela.

O diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA, recomenda cautela no posicionamento diante das tensões entre Trump e Maduro, sugerindo que o Brasil aguarde o tema ser abordado antes de se manifestar e evitando oferecer mediação prematuramente.

Já Lucas Martins, especialista em História Americana e Estudos Globais da Temple University, comenta que a administração Trump vê a América Latina sob uma perspectiva da Guerra Fria, buscando alinhar países entre EUA e China. A ameaça de invasão da Venezuela pode ser uma forma de pressionar o Brasil, condicionando ajustes nas tarifas ao alinhamento brasileiro com interesses americanos, especialmente na questão do uso do dólar e da postura frente à Venezuela.

Créditos: O Globo

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