Lula e Trump devem se encontrar na cúpula da Asean na Malásia
A visita do presidente Lula à Malásia tem como destaque sua participação na cúpula da Asean, onde está previsto seu primeiro encontro com Donald Trump. O evento discute temas comerciais, sobretudo o impacto das tarifas impostas por Trump na região do sudeste asiático. Espera-se que o encontro contribua para a normalização das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Paralelamente, protestos contra Trump ocorrem em Kuala Lumpur devido ao apoio dos EUA a Israel.
Vinte chefes de Estado e governo confirmaram presença na 47ª reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático, iniciada em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Entre eles, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que provavelmente terão seu primeiro encontro oficial à margem da cúpula no fim da tarde local, correspondente à manhã em Brasília.
Segundo os organizadores, 2.854 profissionais de mídia de 290 veículos e 34 países estão credenciados para cobrir a cúpula. No centro de imprensa, a participação de Trump domina as conversas dos jornalistas, embora poucos soubessem da possibilidade do encontro com Lula. A guerra comercial causada por Trump afetou fortemente o sudeste asiático, principalmente membros da Asean como Camboja (49%), Laos (48%), Vietnã (46%), além da Tailândia (36%) e Filipinas (17%) que também foram impactados.
Para a Malásia, sede do evento, a presença de Trump representa uma oportunidade para negociar com os EUA, após a redução da tarifa inicial de 24% para 19% sobre seus produtos. Entre os assuntos informais no centro de imprensa, discutia-se o traje tradicional da “foto de família”, que costuma ser a camisa colorida “batik” típica da região. Lula usou uma versão vermelha com bordados amarelos na Indonésia, país visitado antes da Malásia. A imprensa local especula sobre a possibilidade de Trump adotar o figurino, o que Obama já fez nas três cúpulas anteriores.
A comitiva brasileira mantém a expectativa quanto ao encontro entre Lula e Trump, embora evite confirmá-lo oficialmente por cautela diante da imprevisibilidade do ex-presidente americano. O encontro está previsto para as 17h em Kuala Lumpur (6h em Brasília) com detalhes de local, participantes e acesso da imprensa ainda em negociação.
O governo brasileiro pretende que as imagens do encontro sejam divulgadas, visando normalizar as relações bilaterais e afastar temas políticos relacionados a Jair Bolsonaro, focando em negociações comerciais e geopolíticas.
Apesar da imprevisibilidade de Trump, a equipe brasileira confia na experiência de Lula para lidar com possíveis dificuldades. Para exportadores brasileiros afetados pelas tarifas, o encontro é aguardado com ansiedade. Representantes de setores como a Embraer e a Associação Brasileira de Proteína Animal destacam os prejuízos causados pelas sobretaxas, mesmo que para alguns produtos os valores envolvidos sejam menores em relação ao total exportado.
Wesley Batista, um dos donos da JBS, expressou confiança em um desfecho positivo após o alinhamento entre Lula e Trump. Jorge Viana, da ApexBrasil, ressaltou que nunca desistiu das negociações e espera que o encontro seja histórico e de retomada do diálogo, dependendo da “química” entre os presidentes.
Enquanto Kuala Lumpur se prepara para receber um número recorde de autoridades estrangeiras, manifestações contrárias à presença de Trump são previstas. A polícia já orientou os manifestantes a permanecem fora da área do evento. O principal motivo dos protestos é o apoio de Washington a Israel, considerando que a Malásia é um dos maiores defensores da causa palestina no sudeste asiático.
Créditos: O Globo