Lula ordena início de processo contra Enel após reivindicação de Nunes
O pedido do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao presidente Lula (PT) resultou em uma ação rápida. Por ordem do presidente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, viajou a São Paulo para tratar do “caso Enel”. Embora a administração esperasse uma intervenção imediata, o anúncio da abertura do processo de caducidade do contrato foi bem recebido.
Nos bastidores, a reunião de três horas no Palácio dos Bandeirantes mostrou que a decisão foi pensada. Após críticas de Nunes e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao serviço da concessionária e o pedido de intervenção, a decisão final foi tomada.
Nunes citou a intervenção municipal feita em 2024 em duas concessionárias de ônibus investigadas, para mostrar que essa medida traria resultados rápidos e evitaria novos apagões. Ele apresentou dados sobre prejuízos causados por falta de luz em São Paulo e regiões próximas, além de pesquisas que indicam insatisfação da população.
O prefeito ainda mostrou um vídeo de um comerciante do Parque Santo Antônio, na zona sul, que perdeu 1.500 picolés para uma festa de Natal para crianças de baixa renda devido à falta de energia.
Tarcísio foi firme e destacou que não aceitaria nada além do cancelamento do contrato. Aliados relataram que ele chamou a Enel de “um defunto, que não se faz respiração para ressuscitar, mas que se enterra”.
No entanto, a sugestão de intervenção foi recusada.
Silveira alterou sua posição, desistindo da defesa da continuidade e possível prorrogação do contrato. Em vez da intervenção, propôs o início do processo de caducidade autorizado pelo presidente.
Ele reconheceu que a reunião foi marcada a pedido de Lula e disse a Nunes que considerou “uma deselegância” a reclamação que o prefeito fez ao presidente durante o lançamento do SBT News, na sexta-feira (12).
Na conversa postada nas redes sociais, Nunes desabafou dizendo que a situação era difícil e pediu ajuda ao presidente para a população paulistana. Segundo relatos, esse gesto foi decisivo para o resultado da reunião.
Durante o encontro, Silveira ouviu Nunes e Tarcísio detalharem números negativos sobre a concessão fornecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Um dado ressaltado foi o aumento do tempo de resposta a emergências, que passou de 9,1 horas em 2019 para 12,2 horas em 2024.
Eles também informaram que os prejuízos para São Paulo somam R$ 5 bilhões nos últimos três anos.
Diferente da intervenção, a caducidade não terá efeito imediato. Cabe à Aneel iniciar o processo, que não tem prazo definido para ser concluído.
Ao final, Nunes declarou que ficou claro que a Enel não tem estrutura ou compromisso para atender as necessidades diante de situações adversas causadas por mudanças climáticas.
Embora não ideal, o anúncio representa uma vitória política para Nunes, que buscava esse apoio desde 2023, após um grande apagão que deixou mais de 2,1 milhões de residências sem luz. Além disso, a reunião no Bandeirantes também valorizou a atuação de Tarcísio.
Créditos: UOL Notícias