Lula tem encontro privado com o papa Leão 14 no Vaticano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido pelo papa Leão 14 na manhã de segunda-feira (13), no Palácio Apostólico, no Vaticano. Este foi o primeiro encontro entre os dois desde a eleição do papa americano Robert Prevost em maio.
Durante a audiência, Lula convidou Leão 14 para a COP30, a conferência do clima da ONU. O papa explicou que, devido aos compromissos com o Jubileu, não poderá participar, mas garantiu que o Vaticano terá representação na conferência em Belém.
Lula ressaltou: “Ficamos muito felizes em saber que sua Santidade pretende visitar o Brasil no momento oportuno. Será muito bem recebido com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro”.
Com a agenda apertada de ambos, o encontro ocorreu pouco depois das 8h (3h em Brasília), antes do início habitual dos compromissos do papa. Logo em seguida, o pontífice recebeu o presidente do Chile, Gabriel Boric. Conforme apurado, a reunião de Lula com o papa foi breve, durando menos de meia hora.
Em suas redes sociais, Lula declarou: “Conversamos sobre religião, fé, o Brasil e os imensos desafios que temos que enfrentar no mundo”.
Na noite anterior, o Vaticano informou que a audiência seria privada, sem a tradicional cerimônia oficial realizada no pátio de São Damásio para visitas de Estado.
Acompanhavam Lula a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o embaixador do Brasil junto ao Vaticano, Everton Veira.
Desde seu primeiro mandato, iniciado em 2003, esta foi a terceira vez que Lula foi recebido como presidente por um papa no Vaticano. Anteriormente, esteve com Bento 16, em 2008, e com Francisco, em 2023. Participou também dos funerais dos papas João Paulo 2º, em 2005, e Francisco, em abril deste ano. Na posse de Leão 14, em maio, o Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
O encontro ocorreu dias após a divulgação da primeira exortação apostólica do atual pontificado, na qual o papa aborda temas como pobreza, desigualdade, críticas à “racionalidade econômica” e à indiferença frente à fome.
Lula afirmou: “Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência que precisa ser lido e praticado por todos”.
Também conversaram sobre a relação com religiosos brasileiros, incluindo Paulo Evaristo Arns, Hélder Câmara, Luciano Mendes de Almeida, Pedro Casaldáliga e Jaime Spengler, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
O combate à fome é tema central da agenda de Lula na Itália. À tarde, ele participou da abertura do Fórum Mundial da Alimentação na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que celebra 80 anos. Também houve reunião sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do Brasil lançada no G20 do Rio, em 2024.
Em julho, a FAO anunciou que o Brasil saiu do Mapa da Fome, tendo menos de 2,5% da população em risco de subnutrição ou sem acesso adequado à alimentação no triênio 2022-2024. O Brasil havia retornado ao mapa devido aos números de 2019 a 2021.
José Graziano da Silva, ex-ministro no governo Lula e ex-diretor da FAO, destacou a necessidade de focar no combate à fome entre indígenas, quilombolas e na Amazônia, alertando para os impactos do mercúrio da mineração na região. No domingo, Graziano esteve com Lula na Embaixada do Brasil em Roma, onde o presidente se hospedou.
Além disso, Graziano chamou atenção à má nutrição, explicando que hoje o problema não é a falta de alimentos, mas a falta de dinheiro para comprá-los, embora os supermercados estejam abastecidos.
Ele também mencionou a obesidade, ligada ao consumo de alimentos ultraprocessados, como um desafio ainda presente.
Na FAO, Lula se reuniu com Muhammad Yunus, chefe de governo de Bangladesh, e teve um encontro bilateral com Qu Dongyu, diretor-geral do órgão.
Não há previsão de encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que estará no Egito para reunião sobre o acordo de paz entre Hamas e Israel.
O presidente retornou ao Brasil na tarde de segunda-feira, acompanhado dos ministros Mauro Vieira, Paulo Teixeira, Wellington Dias e da primeira-dama Janja.
Créditos: Folha de S.Paulo