Internacional
09:06

Maduro intensifica propaganda militar para esconder fragilidades da Venezuela

Em meio à crescente tensão com os Estados Unidos, Nicolás Maduro reforça sua retórica militar na Venezuela, aparecendo sempre rodeado por militares e incentivando a população civil a se alistar na Milícia Nacional Bolivariana.

Apesar da imagem de força que tenta transmitir, especialistas avaliam que essa estratégia faz parte de uma grande campanha de propaganda para camuflar as fragilidades das Forças Armadas Revolucionárias Bolivarianas, enfraquecidas por limitações econômicas e falta de recursos.

Conforme reportado pelo Wall Street Journal, a mídia estatal do país cataloga os EUA como vorazes, associando-os aos nazistas, e acusa-os de tentar se apropriar das riquezas petrolíferas venezuelanas. Simultaneamente, são divulgados vídeos exibindo tropas posicionadas para repelir invasões, com cenas de treinamentos e marchas. Nessas imagens aparecem homens e mulheres que, por vezes, são idosos ou com condição física abaixo do ideal, realizando exercícios como corrida em pistas de obstáculos, rastejando sob arame farpado e disparando armas.

Recentemente, o ministro do Interior Diosdado Cabello divulgou em suas redes sociais registros de pessoas armadas com facões.

Nesta sexta-feira, o presidente americano Donald Trump afirmou que Maduro fez diversas ofertas para evitar um confronto direto, pouco depois de anunciar um novo ataque naval no Caribe, especialmente contra um submarino supostamente envolvido no tráfico de drogas. Até o momento, os EUA já realizaram pelo menos seis ações militares, resultando em 27 mortos, tratando os traficantes destacados como terroristas ilegais.

Trump declarou que Maduro tentou evitar conflito por saber que não podem enfrentar os EUA militarmente.

Na quarta-feira, Trump autorizou operações da CIA na Venezuela e considerou ataques terrestres aos cartéis locais. Esse anúncio levou Maduro a convocar a população a repudiar os chamados “golpes da CIA” e a guerra no Caribe.

Segundo análises, as forças armadas venezuelanas contam com cerca de 125 mil soldados. Imagens mostram tropas marchando em formação, com veículos blindados e caixas de munição sendo transportadas, além de caças russos sobrevoando o território.

Maduro afirmou a seus apoiadores que o povo está pronto para a batalha. Contudo, essa demonstração de força não se traduziu em ações efetivas diante da escalada americana. Após aproximação de aviões venezuelanos a navios dos EUA, os americanos deslocaram caças F-35 a Porto Rico, mas Caracas não respondeu com movimentos provocativos.

A resposta de Maduro inclui convocar indígenas e civis para reforçar as milícias, apresentadas como a linha de defesa diante de um possível desembarque dos EUA.

Em discurso transmitido pela TV estatal, Maduro disse: “Se querem paz, preparem-se para conquistá-la.”

Imagens recentes mostram líderes próximos a Maduro supervisionando defesas em diversas regiões. O governo venezuelano também contaria com apoio de grupos armados colombianos, como o Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo o ex-oficial colombiano Alberto Romero.

Embora a retórica mostre resistência, o país enfrenta sérias limitações militares e econômicas. Ex-oficiais ouvidos pelo Wall Street Journal descrevem as Forças Armadas como enfraquecidas pelo baixo moral, má alimentação e falta de recursos.

Edward Rodriguez, ex-coronel exilado nos EUA, classifica a mobilização de Maduro como uma “cortina de fumaça” para ganhar tempo diante da pressão internacional.

Créditos: O Globo

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