Megaoperação policial no Rio contra Comando Vermelho resulta em 121 mortos e 113 presos

A megaoperação realizada pelas Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro para combater a facção Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha dominou as conversas no Whatsapp, gerando opiniões divididas sobre seus resultados. Oficialmente, pelo menos 121 pessoas morreram e 113 foram presas.

Um estudo da empresa de tecnologia Palver, especializada em análise de tendências sociais, acompanhou cerca de 100 mil grupos de Whatsapp e identificou dois perfis de mensagens. No Rio de Janeiro, 43% das mensagens eram contrárias à operação, 39% a favor e 18% não puderam ser classificadas.

No âmbito nacional, o cenário se inverteu, com 45% das mensagens favoráveis, 38% contrárias e 16% sem opinião clara. Os dados foram divulgados em 29 de outubro, coletados entre as 8h dos dias 27 e 29 de outubro.

As narrativas favoráveis à operação destacam o papel da polícia na restauração da segurança. Já as críticas apontam para a alta letalidade, a transformação das áreas em zona de guerra e a condução violenta da ação. Defensores afirmam que a operação é necessária para conter o Comando Vermelho, proteger a população, prender líderes e apreender armas, além de criticar o PT por “ver os traficantes como vítimas” e minimizar ataques qualificados como terrorismo.

As críticas qualificaram o episódio como um massacre, citando imagens de corpos espalhados e transportados em caçambas, possíveis mortos não contabilizados e mais de 13 horas de tiroteios. Também houve críticas ao governador Cláudio Castro.

A operação, realizada na terça-feira, é a mais letal já registrada no país. Movimentos de direitos humanos classificaram-na como uma chacina e questionaram sua eficácia como política de segurança.

O Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas manifestou-se horrorizado com a operação nas favelas e destacou a alta letalidade das ações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil. Ressaltou ainda a necessidade de cumprimento das obrigações internacionais e pediu investigações rápidas e eficazes.

Participaram da ação cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio para cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados.

O governador classificou a ação como “a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro” dentro da Operação Contenção, iniciativa permanente do governo contra o Comando Vermelho.

Na manhã de 30 de outubro, a BBC News Brasil acessou a plataforma da Palver e identificou mil novas mensagens com o tema “megaoperação”. As mensagens mais compartilhadas incluíam vídeos ou notícias mostrando ações contra a polícia ou imagens de suspeitos.

A mensagem mais divulgada associava imagens da operação com a legenda “Faixa de Gaza? Não, Rio de Janeiro”. Outra mensagem frequente continha um link com vídeos da operação intitulados “Polícia prende dezenas de bandidos em megaoperação no RJ e revela filmagens; assista”.

Entre as dez mensagens mais compartilhadas, apenas uma expressava opinião negativa sobre a operação, comparando a letalidade policial do Rio com outros estados e afirmando que outros governos “usam o cérebro” enquanto o Rio “usa pólvora”.

Créditos: BBC