Internacional
18:06

Mercosul expressa desapontamento com adiamento de acordo com UE e omite Venezuela

Os países membros do Mercosul, que incluem Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, expressaram desapontamento diante do adiamento na assinatura do acordo comercial com a União Europeia durante a cúpula realizada em Foz do Iguaçu no sábado (20).

No documento final da reunião, os países ressaltaram que o tratado não foi concluído conforme o previsto devido à ausência de consenso político entre os europeus. Salientaram que o acordo enviaria uma mensagem positiva ao mundo e fortaleceria a integração entre os dois blocos.

Os líderes demonstraram confiança de que a União Europeia concluirá os procedimentos internos para permitir a futura assinatura do acordo, mencionando a intenção de fixar uma possível data para isso, mas sem estabelecer um prazo definitivo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu discurso na cúpula, afirmou ter recebido uma carta dos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu expressando expectativa para a aprovação do acordo em janeiro, período em que o Paraguai assumirá a presidência rotativa do Mercosul.

Lula também comentou que esperava concluir a assinatura do acordo após 26 anos de negociação, mas revelou que líderes europeus solicitaram mais tempo para discutir medidas complementares de proteção agrícola. Ele enfatizou que sem vontade política e coragem dos dirigentes europeus não será possível concluir a negociação que perdura há mais de duas décadas.

Outro ponto destacado na reunião foi a ausência de menção à situação da Venezuela na declaração final, refletindo divergências que impediram a emissão de um documento comum envolvendo o bloco e seus Estados associados, onde temas geopolíticos são normalmente tratados.

Atualmente, o Mercosul conta com sete Estados associados, entre eles Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e o Panamá, que formalizou sua adesão em 2024.

Essa questão gerou um contraponto entre Lula e o presidente argentino Javier Milei. Lula declarou que uma intervenção militar na Venezuela seria catastrófica, enquanto Milei defendeu a pressão dos Estados Unidos sobre o regime de Nicolás Maduro.

No campo comercial, a declaração destacou a estratégia do Mercosul em diversificar suas parcerias comerciais, expressando interesse em expandir diálogos com outros parceiros potenciais para aumentar a integração do bloco na economia global.

Foram mencionadas negociações retomadas com Canadá, aprofundamento de relações com Índia, e discussões com Vietnã e Indonésia, visando estreitar laços com economias emergentes em rápido crescimento.

Ainda, os presidentes reafirmaram a intenção de avançar em processos de integração comercial com países da América Central e Caribe, dando continuidade às negociações com El Salvador para um acordo de livre comércio, e mantendo diálogos com Panamá e República Dominicana.

No âmbito interno, o Mercosul continuou os trabalhos para aperfeiçoar o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), destinado a reduzir desigualdades regionais.

A transição energética também esteve em pauta na cúpula, com debates sobre a integração dos mercados de biocombustíveis e dos combustíveis sustentáveis para aviação.

Por fim, o bloco definiu termos para a realização de um estudo sobre o setor sucroalcooleiro, buscando identificar potencialidades e estratégias para fortalecer as cadeias produtivas regionais e facilitar o acesso a mercados internacionais.

Além do comunicado conjunto dos presidentes, foram publicados documentos adicionais sobre proteção à infância e adolescência em ambientes digitais e sobre a questão das ilhas Malvinas.

Créditos: Folha de S.Paulo

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