Política
08:07

Michelle Bolsonaro promove candidatas fiéis e gera divisão no PL

Lideranças do PL (Partido Liberal) e de partidos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro afirmam que Michelle Bolsonaro foca em um projeto pessoal de poder, prejudicando a unidade do bolsonarismo e causando divisão na legenda que abriga a família.

A ex-primeira-dama conquistou uma vitória contra os filhos do ex-presidente ao conseguir suspender a aliança que o PL negociava com Ciro Gomes no Ceará. Após críticas públicas de Michelle à aliança, o senador Flávio Bolsonaro consultou o pai preso e depois pediu desculpas publicamente.

Parlamentares do PL e aliados da família Bolsonaro enxergam que Michelle está criando conflitos sobre alianças eleitorais em estados onde tenta eleger o que um deputado chama de “feministas de direita” para candidaturas ao Senado.

Essas candidatas são caracterizadas por serem mulheres e demonstrarem extrema lealdade a Michelle, que preside o PL Mulher. Se eleitas, elas formariam um núcleo de poder “michelista” dentro do partido. Isso ocorre em meio a uma disputa entre Michelle e os filhos de Bolsonaro, especialmente Flávio, pela liderança do legado político do ex-presidente, atualmente preso com atuação política restrita.

No Ceará, epicentro da recente discórdia com Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, Michelle apoia a vereadora Priscila Costa (PL) para uma vaga no Senado. Evangélica, Priscila defende pautas ligadas à família e à vida.

Por outro lado, o presidente do PL, André Fernandes, deseja indicar seu pai, Alcides, para o Senado, numa chapa aliada a Ciro Gomes ao governo do Ceará e Eduardo Girão (Novo-CE) para outra vaga no Senado.

Michelle criticou abertamente esta aproximação com Ciro Gomes, gerando reação dos enteados que a acusaram de autoritarismo.

Em Santa Catarina, Michelle apoia a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) para o Senado, embora a vaga do partido no estado já esteja reservada para Carlos Bolsonaro (PL-RJ). A outra vaga da coligação no estado seria para o senador Esperidião Amin (PP-SC).

Michelle e a deputada Ana Campagnolo (PL-SC), ligada a ela e presidente regional do PL Mulher, declararam apoio a Carol e criticaram a decisão de reservar a vaga para Carlos. Campagnolo chegou a afirmar que a candidata estava sendo preterida devido a acordos com a família Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro chamou Campagnolo de mentirosa, e Eduardo Bolsonaro afirmou que ela tentava se opor a Jair Bolsonaro, que teria determinado a candidatura do filho por Santa Catarina.

No Distrito Federal, Michelle apoia a senadora Bia Kicis (PL-DF) para o Senado, em detrimento ao governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) e outros aliados da família Bolsonaro.

Reportagem por Diego Alejandro, Karina Matias e Victória Cócolo.

Créditos: Folha de S.Paulo

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