Ministro da Saúde anuncia ações contra intoxicação por metanol em bebidas adulteradas

Na quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou um conjunto de ações estratégicas para combater casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. As medidas foram detalhadas durante reunião da Sala de Situação, criada para acompanhar e coordenar a resposta nacional. O ministro destacou ainda iniciativas já em curso, como a criação da sala que reúne órgãos federais, estaduais e municipais.

Padilha afirmou que o trabalho do Sistema Único de Saúde está totalmente alinhado e integrado com estados e municípios, assim como a Anvisa com as vigilâncias estaduais, garantindo o fluxo de informações.

O Ministério da Saúde, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), organizou um estoque estratégico em hospitais universitários federais e serviços do SUS contendo 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico. Está em processo a compra emergencial de mais 5 mil tratamentos (150 mil ampolas), para assegurar reposição e distribuição conforme a necessidade dos estados e municípios.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu uma chamada pública para localizar fornecedores internacionais do fomepizol, medicamento específico para intoxicação por metanol não disponível atualmente no Brasil, em resposta a solicitação urgente do Ministério da Saúde. O ministro explicou que estão mobilizando as dez maiores agências reguladoras mundiais para identificar fabricantes do remédio.

Além disso, o Ministério enviou pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e demonstrou interesse em adquirir mais 1.000 unidades por meio da linha de crédito do Fundo Estratégico da OPAS, aumentando o estoque nacional.

Padilha ressaltou que os pedidos e aquisições dos antídotos são medidas preventivas, pois nos últimos anos não ultrapassaram 20 casos anuais, porém há aumento observado em São Paulo.

O Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) notificou até o momento 59 casos de intoxicação por metanol: 53 em São Paulo (11 confirmados, 42 em investigação), 5 em Pernambuco em investigação, e 1 no Distrito Federal. Há um óbito confirmado e sete em investigação.

O ministro recomenda que a população evite destilados de origem desconhecida, principalmente líquidos incolores cuja procedência não possa ser confirmada. Ele reforça três orientações para consumo seguro de bebidas alcoólicas: não dirigir se beber, manter-se alimentado e hidratado antes e durante o consumo, e certificar-se da procedência da bebida, evitando aceitar de desconhecidos.

A Sala de Situação instalou reuniões regulares às segundas, quartas e sextas-feiras para analisar casos e coordenar respostas, contando com representantes dos ministérios da Saúde, Justiça, Segurança Pública, Agricultura, conselhos de saúde, Anvisa e secretarias estaduais de São Paulo e Pernambuco.

Esta sala tem caráter extraordinário e permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário e necessidade de monitoramento nacional pela intoxicação por metanol associada a bebidas alcoólicas.

Para reforçar diagnósticos, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou três unidades aptas a realizar análises imediatas: Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal, Laboratório Municipal de São Paulo e Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

A Anvisa também identificou 604 farmácias de manipulação habilitadas a produzir etanol farmacêutico, que serão preparadas para atender demandas locais nas capitais.

Profissionais de saúde devem notificar casos suspeitos de intoxicação por metanol assim que identificados, mesmo sem confirmação laboratorial prévia, o que já ampliou notificações em São Paulo e permitiu identificar casos em Pernambuco e Distrito Federal.

O ministro enfatiza a consulta ao Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e à nota específica sobre intoxicação exógena por metanol, disponível no site da pasta.

O número 0800 642 9782 da Anvisa atende dúvidas de cidadãos, profissionais e comerciantes de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 19h30, exceto feriados.

O tratamento específico para intoxicação confirmada é o etanol farmacêutico, administrado controladamente por via intravenosa ou oral conforme a necessidade clínica. O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto quando indicado.

O Brasil possui 32 CIATox, centros de referência para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de apoio a toxicovigilância e ingestão de risco químico.

Créditos: gov.br