Ministro do Turismo Celso Sabino pedirá demissão após viagem de Lula à ONU

Após o ultimato do União Brasil para que seus filiados deixassem cargos no governo até sexta-feira (19), o ministro do Turismo, Celso Sabino, informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pedirá demissão na próxima semana, após o retorno de Lula de Nova York.

A decisão foi comunicada durante reunião de aproximadamente 1h30 entre os dois no Palácio da Alvorada. Esta será a 13ª troca ministerial no terceiro mandato do presidente Lula.

Fontes indicam que Sabino explicou a Lula que possui compromissos importantes nos próximos dias e, por isso, só deve pedir demissão na semana seguinte. Lula embarcará para os Estados Unidos no domingo (21) para participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

Com essa movimentação, o Ministério do Turismo torna-se o que mais sofreu troca de chefia no atual mandato. No início, estava sob comando de Daniela Carneiro, também do União Brasil.

Sabino assumiu a pasta em 2023, contando com o apoio do deputado Arthur Lira (PP-AL), então presidente da Câmara. Na época, a nomeação dele foi considerada estratégica para consolidar o apoio do Centrão às pautas do Planalto. Enquanto deputado, Sabino foi um dos autores da PEC da blindagem, aprovada recentemente pela Câmara.

Após pouco mais de dois anos no ministério, Sabino conquistou confiança de Lula, que o destacou para ajudar nos preparativos da COP30, programada para novembro em Belém (PA). O evento é especial para Sabino por ocorrer em sua base eleitoral.

Apesar do destaque, o União Brasil passou a pressionar seus representantes para saírem do governo, alinhado à preparação para as eleições de 2026. O partido indicou que não apoiará a reeleição de Lula.

Em 2 de setembro, Antônio Rueda, presidente da Federação União PP, determinou prazo de 30 dias para os filiados deixarem cargos no governo, sob risco de afastamento.

No entanto, este prazo foi antecipado para 24 horas após o partido acusar o governo de estar por trás de denúncias contra Rueda, supostamente ligadas ao anúncio do desembarque do governo.

Rueda foi citado em depoimento por um piloto como verdadeiro dono de aeronaves operadas por empresa conectada a investigados por lavagem de dinheiro ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele nega irregularidades.

O União Brasil manifestou solidariedade a Rueda e qualificou as denúncias como infundadas. Alegou ainda que a divulgação coincidiu estranhamente com o anúncio do desembarque da federação do governo Lula, sugerindo tentativa de desgaste sem provas.

O desgaste entre Lula e Rueda era anterior e ficou exposto na reunião ministerial de agosto, quando Lula cobrou lealdade dos ministros, especialmente contra críticas da oposição.

Apesar da saída confirmada de Sabino, o Planalto espera que Waldez Góes (Integração) e Frederico Silveira (Comunicações), também do União Brasil, permaneçam no governo. Ambos são indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e devem manter seus cargos independentemente do desembarque do partido.

Frederico Silveira, por sua vez, é apontado como indicação técnica do União e recebeu aval de Alcolumbre. Lula chegou a questioná-lo sobre possível saída em 2026 para disputa eleitoral, mas ele informou que pretende ficar até o fim do mandato presidencial.

Créditos: Valor Globo