Navio de guerra dos EUA chega a Trinidad e Tobago em meio à tensão com Venezuela
Neste domingo (26), um navio de guerra dos Estados Unidos chegou a Trinidad e Tobago, arquipélago situado em frente à costa da Venezuela. A ação ocorre enquanto o presidente americano, Donald Trump, aumenta a pressão sobre Nicolás Maduro, presidente venezuelano.
O destróier USS Gravely foi avistado na manhã de domingo na costa da capital, Port of Spain, conforme reportado por jornalistas da AFP.
A presença da embarcação e de uma unidade de fuzileiros navais para realizar exercícios conjuntos com o exército local foi divulgada na quinta-feira pelo governo de Trinidad e Tobago, país de língua inglesa com 1,4 milhão de habitantes. O destróier permanecerá ancorado na capital até quinta-feira.
Desde agosto, os EUA têm enviado navios de guerra ao Caribe e promovido ataques aéreos contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas.
Além disso, Washington anunciou a intenção de enviar o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior do mundo, aumentando significativamente sua presença militar na região. Na sexta-feira, Maduro criticou essa movimentação, chamando-a de tentativa de “inventar uma nova guerra”.
Trump acusa Maduro de comandar redes de tráfico de drogas, alegação que o presidente venezuelano nega veementemente. Maduro sustenta que o governo americano utiliza o narcotráfico como pretexto para tentar forçar uma mudança de regime e se apoderar das grandes reservas petrolíferas da Venezuela.
Em Port of Spain, a população está dividida sobre a presença dos americanos perto das costas venezuelanas.
Lisa, moradora de 52 anos, apoia a iniciativa, afirmando que o navio serve para ajudar a combater os problemas de drogas na Venezuela e que muitos poderão ser libertados da opressão e do crime.
Por outro lado, Daniel Holder, de 64 anos, expressa preocupação quanto a uma possível intervenção militar, temendo que a população local sofra consequências de um conflito entre Venezuela e Estados Unidos. Ele alerta para a gravidade da situação.
A primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, aliada de Trump, adotou um discurso rígido contra a imigração e a criminalidade venezuelana desde que assumiu o cargo em maio.
Caracas acusa o governo trinitário de favorecer os interesses dos EUA. Holder critica a primeira-ministra por “convidar os Estados Unidos” e não manter uma postura neutra, desejando que os dois países resolvam suas diferenças sem interferências, comparando a situação a estar “entre dois muros”.
Dados do governo americano indicam que, desde agosto, os ataques resultaram em 43 mortes em dez operações aéreas contra embarcações suspeitas de tráfico no Caribe e no Pacífico.
Famílias locais afirmam que dois cidadãos de Trinidad e Tobago morreram nestes ataques em meados de outubro, embora as autoridades não tenham confirmado as mortes.
Especialistas questionam a legalidade dessas operações.
Rhonda Williams, recepcionista de 38 anos, declarou que o que precisam é de paz e não de assassinatos e bombardeios.
Ali Ascanio, venezuelano residente em Trinidad e Tobago há oito anos, considera alarmante a chegada do destróier, interpretando-a como um indicativo de guerra, mas espera que a pressão dos EUA faça Maduro ceder em breve.
Créditos: Folhape