Opinião
14:47

O triplex de Xandão nas cabeças da direita e agora com sede na Casa Branca

Há decisões tão absurdas que deixam de ser apenas erros para se tornarem autossabotagens históricas. A aplicação da Lei Magnitsky pelo governo dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, seus familiares e colaboradores do STF é exatamente isso: um atestado oficial de que a política externa americana, sob Trump, decidiu se alinhar com a desinformação que ela própria ajudou a espalhar mundo afora.

Sim, Trump voltou e, com ele, o pior da diplomacia ideológica. E, não por acaso, quem está na mira de Washington não são golpistas, extremistas ou traficantes de fake news, mas um magistrado que ousou enfrentar o projeto autoritário de Jair Bolsonaro. É oficial: Xandão agora não só mora de graça na cabeça dos Bolsonaros, construiu um triplex com varanda gourmet na ala leste da Casa Branca.

A sanção é tão grotesca quanto simbólica: ela valida o delírio da extrema-direita brasileira e internacional. É como se o governo Trump, ainda ressentido com seu próprio 6 de janeiro, decidisse reescrever a história brasileira ao avesso e transformando juízes em opressores e os vândalos do Congresso em mártires democráticos.

Só há duas hipóteses: ou o governo americano foi capturado por narrativas fabricadas por assessores ideológicos, ou está sendo deliberadamente cúmplice de um revisionismo autoritário. Seja qual for o caso, o recado é perigoso e global.

Alexandre de Moraes nunca buscou protagonismo internacional. Apenas fez seu trabalho: defender a Constituição, proteger as instituições e aplicar a lei contra quem tentou implodir a democracia brasileira. E, por isso, tornou-se vilão no roteiro mal escrito da nova ultradireita. É a lógica do mundo ao contrário: quanto mais você protege a democracia, mais se torna alvo daqueles que a querem destruir.

Enquanto os Bolsonaros celebram a “vingança” em Washington, o Brasil assiste atônito ao vexame de ver um dos pilares do Estado de Direito sendo atacado por um governo estrangeiro que deveria ser seu aliado democrático. A pergunta é inevitável: quem está soprando no ouvido de Trump quando o assunto é América Latina?

Porque, com base nessa decisão, parece que o assessor-chefe para o Brasil atende pelo nome de Bananinha ou Steve Bannon.

Mas, para além da ironia, fica o aviso: o que começou como paranoia bolsonarista agora virou política oficial de uma superpotência. E quando a mentira vira sanção, o mundo democrático precisa reagir.

No fim, o que resta é a imagem de Xandão, sereno, sóbrio, concentrado, fazendo despachos enquanto ocupa, gratuitamente, o espaço mais nobre da mente dos que o odeiam: o medo de quem sabe que está sendo vencido pela lei.

Por Arli Filho – Especialista em Marketing // Negócios

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