Operação da PF reforça reaproximação entre Arthur Lira e Hugo Motta na Câmara
A operação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Flávio Dino do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou uma mudança imediata no ambiente político da Câmara dos Deputados e levou à reaproximação entre Arthur Lira e Hugo Motta. A relação entre os dois, que vinha se desgastando nas últimas semanas, foi diretamente afetada pelo avanço das investigações, visto internamente como um risco comum para os principais grupos de poder da Casa.
Até o lançamento da operação, aliados de ambos apontavam um cenário de tensão crescente. O conflito teve como estopim a votação sobre o mandato do deputado Glauber Braga, quando Arthur Lira defendia a cassação e não conseguiu impor sua posição no plenário. Lira responsabilizou Hugo Motta pelo fracasso na tentativa de cassar o mandato de Glauber, o que aprofundou o desgaste entre eles e intensificou a disputa interna na Câmara.
Fontes próximas à movimentação política indicam que Lira e Motta voltaram a circular nos mesmos ambientes e retomaram conversas reservadas. Esse movimento é interpretado como uma tentativa de restabelecer uma mínima coordenação política e institucional, sem, contudo, significar uma pacificação definitiva ou alinhamento programático entre os grupos.
A avaliação interna é pragmática: o avanço das investigações deslocou o foco das disputas internas para o controle de danos. A percepção de vulnerabilidade institucional levou à suspensão temporária de embates que, até dias atrás, eram considerados inevitáveis.
Nesse contexto, cresceu entre parlamentares a discussão sobre possíveis reações do Legislativo ao Judiciário. Segundo relatos, o líder do PP, Doutor Luizinho, que estava no Rio de Janeiro, retornou rapidamente a Brasília para participar da reunião convocada após a operação.
Fontes da cúpula da Câmara indicam que lideranças avaliam medidas políticas de enfrentamento ao STF. As discussões estão em estágio preliminar, sem definições concretas sobre possíveis iniciativas.
O ambiente é descrito como de irritação e cautela. Reconhece-se que qualquer retaliação direta ao Judiciário envolve altos riscos políticos e institucionais, principalmente em um cenário em que o STF atua com respaldo jurídico externo ao Congresso. Ainda assim, o fato de essas discussões ocorrerem evidencia o grau de tensão provocado pela operação.
Esse episódio reforça um padrão recorrente no Congresso: quando investigações alcançam o entorno do poder, disputas internas são temporariamente suspensas em nome da autopreservação, dando lugar a acordos tácitos e gestos de unidade circunstancial.
Assim, a reaproximação entre Lira e Motta não indica o fim das divergências entre eles. Trata-se de uma trégua estratégica, motivada pelo impacto da operação da Polícia Federal e pelo receio de desdobramentos futuros. Em Brasília, a presença da PF costuma reorganizar prioridades. A disputa política segue, porém em menor intensidade.
Créditos: iclnoticias