Oposição quer obstruir votações até projeto da anistia do 8 de janeiro ser votado

Deputados da oposição anunciaram que irão obstruir as votações na Câmara dos Deputados até que seja analisado o projeto que propõe a redução das penas dos condenados pelo 8 de janeiro, o que pode afetar diretamente a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desde a prisão de Bolsonaro, há mais de dois dias, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não se manifestou sobre a possibilidade de incluir a anistia na pauta do plenário. O projeto teve a urgência aprovada em 17 de setembro, com 311 votos favoráveis e 163 contrários, e pode reduzir a pena de 27 anos e três meses imposta ao ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

Sóstenes Cavalcante, líder do PL, convocou para a segunda-feira (24), às 14h, uma reunião na sede do partido em Brasília. Ele afirmou que a bancada do PL pretende obstruir todas as pautas da Câmara até que o projeto seja votado, incluindo o Orçamento de 2024, o que poderia travar investimentos públicos e o pagamento de emendas parlamentares.

O líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), enviou mensagem a Hugo Motta no sábado cobrando a anistia, mas não obteve resposta até o momento.

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator da proposta que foi rebatizada como “PL da dosimetria”, comentou que a prisão de Bolsonaro pode acelerar a votação do projeto.

Apesar disso, Motta, que passou o fim de semana na Paraíba com sua família, não se pronunciou sobre a prisão do ex-presidente nem sobre o pedido de prisão do deputado federal Alexandre Ramagem, condenado também por tentativa de golpe e que fugiu para os Estados Unidos.

Atualmente, Motta está concentrado em outra pauta: a Segurança Pública, tema sensível para o governo. Nesta segunda-feira, ele publicou um vídeo nas redes sociais comentando sobre o PL antifacção, aprovado recentemente na Câmara, mas que enfrenta resistência na base governista no Senado, que busca alterar o texto.

Ele destacou que “se um tema é bom para a segurança, não importa de onde ele veio. Sem preconceito com a origem, é assim que enfrentamos os problemas e entregamos um Brasil melhor ao nosso povo”.

No vídeo, Motta ressaltou seu compromisso de ouvir “sem preconceito e decidir com equilíbrio”.

Créditos: Jovem Pan