Padilha alerta para evitar destilados sem certeza da origem amid intoxicações por metanol
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou que as pessoas não consumam bebidas destiladas a menos que tenham “absoluta certeza” da procedência.
Alexandre Padilha, que também é médico, destacou três regras importantes para o consumo de qualquer bebida alcoólica. Primeira, quem beber não deve dirigir. Segunda, é necessário estar bem hidratado e alimentado para reduzir os impactos de bebidas adulteradas, como as contaminadas pelo metanol. Por último, deve-se ter segurança quanto à origem da bebida.
O ministro sugeriu que neste momento as pessoas evitem ingerir destilados de procedência duvidosa. Ele destacou, ainda, que pacientes que buscam atendimento médico devem informar detalhadamente o que consumiram. Muitas vezes, os pacientes não mencionam que beberam algo de origem desconhecida, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Com a mudança no protocolo de atendimentos e testagens, a expectativa é que o número de casos aumente. A pasta orienta que os profissionais de saúde notifiquem os casos suspeitos com rapidez para melhor mapear a situação.
Padilha explicou que o Ministério da Saúde acionou a Organização Panamericana de Saúde para conseguir a compra do antídoto fomepizol e também avalia a possibilidade de importar diretamente o medicamento para formar um estoque.
Ele ressaltou que o etanol farmacêutico, utilizado como antídoto contra intoxicação por metanol, está disponível no Brasil. Este etanol não é o comum das bebidas ou combustíveis e deve ser aplicado sob supervisão dos centros especializados em intoxicações.
O governo de São Paulo comunicou a ocorrência de 22 casos de intoxicação por metanol, sendo sete confirmados e 15 em investigação. Foram registradas cinco mortes, com uma confirmação da relação com bebida alcoólica e as outras quatro ainda em apuração. O protocolo inclui coleta de sangue ou urina, análise laboratorial e investigação das circunstâncias da ingestão.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda analisarão notas fiscais dos estabelecimentos comerciais para identificar os distribuidores da bebida adulterada. O objetivo é descobrir de onde vem o produto falsificado e quem são os responsáveis.
Três estabelecimentos foram interditados na capital paulista e região metropolitana após apreensão de bebidas suspeitas pela Vigilância Sanitária.
O metanol é altamente tóxico porque, ao ser metabolizado, se transforma em ácido fórmico, causando acidez no sangue e comprometendo o funcionamento celular.
Os efeitos da intoxicação variam conforme peso e metabolismo, sendo que pessoas com menor peso tendem a apresentar sintomas mais graves e rapidamente. Não há uma quantidade segura, pois qualquer dose pode desencadear sintomas severos.
Diferentemente da ressaca comum, que provoca dor de cabeça e náusea, a intoxicação por metanol apresenta dor abdominal intensa e visão turva.
Não é possível identificar metanol pela cor ou gosto da bebida, pois ele é semelhante ao etanol encontrado nas bebidas alcoólicas regulares.
O metanol é um componente presente em produtos industriais como solventes e combustíveis; é incolor, tem odor suave e é inflamável.
Especialistas recomendam evitar bebidas de procedência duvidosa e preferir produtos regulados.
Mariana de Moura Pereira, pesquisadora da USP, destaca que a intoxicação por metanol é um problema recente que precisa de atenção pública constante.
Gabriel Pinheiro, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo, aconselha donos de bares a recusarem bebidas sem rótulo e a desconfiar de promoções muito abaixo do preço, recomendando a verificação de lacres e rótulos para garantir a segurança.
O Procon de São Paulo orienta que, em caso de suspeita de intoxicação, se procure o Disque-intoxicação pelo número 0800 722 6001 para obter orientação clínica e toxicológica.
Créditos: UOL Notícias