Economia
15:07

Peso argentino cai após intervenção cambial do Tesouro dos EUA

O peso argentino iniciou a sexta-feira em baixa, apesar do anúncio feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, de que os Estados Unidos compraram a moeda na quinta-feira no câmbio paralelo conhecido como “blue chip swap”, utilizado por investidores.

Essa foi a primeira vez que Bessent revelou publicamente a intervenção cambial, feita tanto no mercado paralelo quanto no oficial argentino, somando-se a operações anteriores do Tesouro dos EUA.

Mesmo com as garantias de Bessent, o peso desvalorizou-se até 3,4% no começo das negociações, e a taxa paralela enfraqueceu mais de 1%. Os títulos em dólar mostraram reversão de alta, com notas com vencimento em 2035 caindo quase 0,1 centavo por dólar e sendo negociadas a 57 centavos, conforme dados da Bloomberg.

As ações do secretário do Tesouro visam atender à demanda contínua por dólares de poupadores e investidores antes da importante eleição legislativa do partido do presidente Javier Milei, prevista para o próximo fim de semana, após uma derrota significativa em uma eleição local em setembro. Muitos argentinos acreditam que, mesmo com o suporte financeiro dos EUA, não será possível evitar uma nova desvalorização significativa. Bessent tenta contrariar essa percepção, ao afirmar que o peso está “subvalorizado”.

Na Argentina, a taxa oficial é praticada nos bancos, mas os argentinos utilizam várias taxas paralelas, legais e ilegais, para operações financeiras e em dinheiro, respectivamente. Na quinta-feira, a taxa oficial fechou em 1.402 pesos por dólar, enquanto o blue-chip swap estava em torno de 1.476 por dólar. A população recorre cada vez mais às taxas paralelas quando o peso está sob controle cambial ou aparenta estar valorizado em excesso.

Walter Stoeppelwerth, diretor de investimentos da corretora local Grit Capital Group, declarou que “o Tesouro dos EUA vai até onde for necessário”, ressaltando que isso demonstra a força do compromisso americano com a Argentina. Segundo ele, a equipe econômica insiste que o mercado ainda subestima esse nível de comprometimento.

O otimismo com o apoio dos EUA sofreu abalos quando o presidente Donald Trump, em reunião com Milei em Washington, sugeriu que retiraria o apoio caso o partido do presidente argentino perca a votação, embora autoridades argentinas interpretem que Trump se referia à tentativa de reeleição de Milei em 2027.

Anteriormente, Bessent anunciou que os EUA planejam estender uma linha de swap de US$ 20 bilhões para a Argentina, apesar de ainda haver poucos detalhes sobre essa operação. Paralelamente, o Tesouro americano negocia uma linha de crédito de US$ 20 bilhões proveniente do setor privado, que complementaria o swap cambial.

Para ajudar na sustentação da moeda argentina, o Citigroup vendeu pesos ao Federal Reserve na quinta-feira, segundo fontes próximas ao tema. O Banco Santander também continuou a comprar pesos no mercado local da Argentina para o Tesouro. Até o momento, não há clareza sobre os valores negociados por essas instituições.

Créditos: Infomoney

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