Pesquisa revela apoio às operações policiais nas favelas do Rio
A pesquisa AtlasIntel indica que 55,2% dos brasileiros apoiam a operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Entre os moradores dessas favelas, a aprovação chega a 87,6%, sinalizando o desespero de cerca de 2 milhões de brasileiros que vivem sob a ameaça contínua de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Este apoio popular expressa a angústia das pessoas que habitam áreas vulneráveis e que enfrentam o domínio paralelo do crime organizado, marcado por extorsão, ameaças e aliciamento. Na ausência do Estado, o crime assume o controle dessas regiões.
Não se trata de desejo por violência, mas de um clamor por resgate e pela atuação do Estado em sua função primordial de garantir segurança e dignidade a todos, independentemente de localização, cor ou renda.
Contudo, as autoridades políticas têm lidado mal com essa questão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma semana após a operação, ainda não se manifestou de forma que não parecesse calculista eleitoralmente. Seu governo parece perdido na área de segurança, sem políticas efetivas para unir o país contra o avanço do crime organizado.
Governadores de oposição, como Cláudio Castro (RJ), Tarcísio de Freitas (SP) e outros, aproveitaram o resultado da operação para ganhos políticos, sem apresentar propostas concretas ou planos de cooperação real. A política, em todas as esferas, tem explorado o sentimento popular como ativo eleitoral.
No Congresso, a criação da “CPI do Crime Organizado” soa mais como perda de tempo do que como um esforço sério. Em vez disso, seria essencial discutir a real natureza do problema enfrentado: se ainda é uma questão de segurança pública ou um fenômeno similar a uma guerra.
O apoio popular à operação não autoriza abusos do Estado. É, na verdade, um pedido por paz, ordem e legalidade em locais dominados pelo crime. Nenhuma pessoa deveria ter que escolher entre o domínio do crime ou a truculência policial, com seus abusos, torturas e execuções somárias.
Para solucionar essa situação, são necessários planejamento, integração das forças estaduais, inteligência e políticas sociais capazes de romper o ciclo de abandono das áreas ocupadas por facções criminosas. Contudo, essas medidas são de longo prazo, enquanto os atuais dirigentes parecem focados na eleição de 2026.
Com o respaldo popular, a tentação de repetir modelos falidos de política de segurança para capitalizar votos será grande, mas isso não tornará os brasileiros mais seguros.
Créditos: Estadão