PF investiga ligações de TH Jóias e Rodrigo Bacellar com o Comando Vermelho no Rio
A investigação da Polícia Federal revelou conexões entre o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, e o Comando Vermelho, apontando-o como um ‘braço político’ da facção criminosa no Rio de Janeiro. TH foi preso em setembro e, segundo a PF, recebeu um alerta antecipado sobre a operação por parte do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar. Bacellar também está preso e investigado por envolvimento em atividades criminosas e corrupção relacionadas ao setor de carnes. Ambos negam as acusações.
TH Jóias, eleito 2º suplente pelo MDB e que assumiu uma cadeira na Alerj em 2024 após a morte do deputado Otoni de Paula Pai, foi preso no início de setembro e novamente alvo de operação da PF recentemente. Em 2017, ele já havia sido preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), acusado de ser um dos principais articuladores do tráfico de drogas e armas no estado. Nessa época, as investigações indicaram que TH atuava com as principais facções rivais — Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos (ADA) — envolvendo-se em lavagem de dinheiro e controle da contabilidade criminosa.
TH responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, além de ser suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho. Mesmo com esse histórico, lançou-se na política pelo MDB, que anunciou sua expulsão após a prisão.
Na Operação Zargun, deflagrada em setembro pela PF em conjunto com o Ministério Público Federal e Ministério Público do Rio, TH foi acusado de intermediar compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones, além de lavar dinheiro do tráfico. Entretanto, na véspera da prisão, ele esvaziou sua casa e contratou um caminhão-baú para uma mudança rápida. A PF informou que o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, alertou TH sobre a operação e chegou a orientá-lo a fugir.
A investigação chamou atenção para um detalhe inusitado: o setor de carnes tem papel destacado. A operação recebeu nome relacionado a carne, e o relatório da investigação mostra um freezer cheio de picanhas. Essa ligação também aparece em outra investigação envolvendo Rodrigo Bacellar, que enfrenta suspeitas ligadas a um frigorífico em Campos dos Goytacazes, sua cidade-base. Em agosto de 2025, foi noticiado que este frigorífico está sob investigação por possível improbidade administrativa, incluindo irregularidades na concessão de licença ambiental e empréstimo governamental, envolvendo um advogado próximo a Bacellar.
Durante as investigações, mensagens obtidas pela PF indicam que, após receber o aviso do presidente da Alerj, TH zerou seu celular, comprou outro aparelho e tentou livrar sua casa de evidências. Em um vídeo para o novo número, perguntou a Bacellar se poderia deixar alguns pertences em sua casa, incluindo um freezer cheio de picanhas, ao que Bacellar respondeu para deixar o freezer.
Tanto TH Jóias quanto Rodrigo Bacellar negam envolvimento em qualquer crime relacionado às investigações.
Créditos: O Globo