Política
15:05

PF investiga senador Weverton como sócio oculto do Careca do INSS

A Polícia Federal (PF) suspeita que o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado, seja sócio oculto de Antonio Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, apontado como principal operador de um esquema criminoso que aplicava descontos indevidos nos contracheques de aposentados e pensionistas.

Essa suspeita surgiu a partir da apreensão de uma planilha no celular do contador Alexandre Caetano, preso na nova fase da Operação Sem Desconto em 18 de maio. A planilha, encontrada ainda na primeira fase da operação em 23 de abril, tem o título “Grupo Senador Weverton” e lista diversas empresas. Para a PF, o documento é importante para mapear a estrutura financeira ligada ao esquema.

Segundo relatório da PF citado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, Weverton é descrito como uma liderança e base das atividades empresariais e financeiras de Antonio Camilo. Os investigadores afirmam que o enriquecimento do operador foi possibilitado por apoio político.

O ministro Mendonça relatou que a investigação aponta o senador como beneficiário final (sócio oculto) das operações financeiras do grupo criminoso, recebendo recursos por meio de pessoas intermediárias, incluindo assessores parlamentares. Além disso, há indícios de que Weverton teria posição de liderança política e possível comando dentro da organização.

A planilha “Grupo Senador Weverton” foi localizada em conversas entre integrantes do grupo ainda em 2023, reforçando as suspeitas da PF. Nesta fase da operação, a PF chegou a pedir a prisão do senador, mas o ministro Mendonça seguiu a Procuradoria-Geral da República e autorizou apenas busca e apreensão em endereços dele.

Em nota, Weverton declarou surpresa com a busca em sua residência e disse estar disponível para esclarecer dúvidas após ter acesso à decisão. Sua assessoria negou que ele seja sócio do Careca do INSS.

Weverton, filiado ao PDT, partido de centro-esquerda, é um dos principais nomes do Centrão e já foi citado em vários escândalos, mas nunca havia sido alvo de operações da PF desde sua entrada no Senado em 2019. Era considerado protegido em Brasília.

A planilha lista ao menos onze empresas, muitas do setor de incorporação, construção e serviços, com nomes ligados a sociedades de propósito específico. Também aparecem associações como a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub) e a Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen).

Além do senador, a nova fase da Operação Sem Desconto cumpriu dezesseis mandados de prisão, incluindo Adroaldo Portal, número dois do Ministério da Previdência e ex-chefe de gabinete de Weverton, o contador Alexandre Caetano, um filho do Careca do INSS e outras pessoas relacionadas, além de 52 busca e apreensões.

O ministro Mendonça citou registros de pagamento de propina em planilhas apreendidas na casa do líder do esquema, que indicam benefícios a pessoas ligadas ao senador. Ex-assessor de Weverton, Gustavo Gaspar é citado em pagamento de 100 mil reais, e Adroaldo, em 50 mil reais, com registros de depósitos em espécie.

A PF também apura ocultação e dilapidação patrimonial, analisando movimentações financeiras das empresas da planilha. Embora parte dos valores tenha sido recebida em espécie, a estimativa sobre o montante total ainda é incerta, mas levantamentos preliminares indicam saques de cerca de 200 milhões de reais.

O presidente Lula comentou a operação e afirmou que não interfere nas investigações da Polícia Federal. Caso algum parente seu esteja envolvido, será investigado, disse, ressaltando que parte dos dados está sob sigilo. Lula afirmou estar tranquilo em relação às apurações e que os envolvidos pagarão as consequências.

Créditos: piauí

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