Política
10:06

PL convoca reunião emergencial com Michelle Bolsonaro após crise interna

O PL marcou uma reunião emergencial para esta terça-feira (2/12), às 15h, em Brasília, com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do presidente nacional do partido Valdemar Costa Neto, do senador Flávio Bolsonaro e do senador Rogério Marinho. O objetivo é definir uma posição oficial do partido diante da crise interna causada pelas críticas de Michelle à aliança firmada no Ceará.

No fim de semana, Michelle manifestou publicamente seu descontentamento com o apoio do PL a um possível candidato ao governo cearense, Ciro Gomes. Ela afirmou que o partido não deveria se aproximar de quem, segundo ela, contraria os valores da base de direita, o que causou surpresa em parte da liderança da legenda.

Durante um comício em Fortaleza, Michelle, apontando para o deputado André Fernandes (PL-CE), um dos articuladores da aliança com Ciro, afirmou que o acordo tinha sido “precipitado”. “É sobre essa aliança que vocês se precipitaram a fazer. Tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, assim não dá”, declarou, dirigindo-se a Fernandes.

A crítica de Michelle é motivada pelo fato de que Ciro Gomes foi adversário direto de Jair Bolsonaro e o criticou reiteradamente.

Em nota, Michelle disse: “Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhosa por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeita com a perseguição que ele tem sofrido?”

Ela também afirmou: “Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade.”

A resposta dos filhos do ex-presidente, incluindo Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, foi rápida e dura. Eles consideraram a crítica de Michelle “injusta e desrespeitosa” com membros do partido e afirmaram que o apoio a Ciro já havia sido aprovado na instância máxima da legenda, com autorização do próprio Jair Bolsonaro.

Flávio disse que Michelle “atropelou o presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará”, classificando a forma como ela se dirigiu a Fernandes como “autoritária e constrangedora”.

Carlos declarou: “Meu irmão está certo. Temos que estar unidos e respeitar a liderança do meu pai, sem nos deixar influenciar por outras forças!”. A mensagem foi compartilhada também por Jair Renan Bolsonaro, o caçula dos filhos homens.

Quase uma hora depois, Eduardo Bolsonaro declarou: “Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento. Não vou discutir se o acordo é bom ou ruim; foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer ao líder.”

Essa reunião em Brasília tem mais um caráter simbólico do que funcional: o PL busca restabelecer uma narrativa de união interna, ocultar divisões e evitar que desacordos públicos se agravem antes do período eleitoral. Ao mesmo tempo, a postura de Michelle evidencia um dilema real do partido entre pragmatismo eleitoral e fidelidade ideológica.

O resultado desse encontro poderá definir não só o rumo da aliança no Ceará, mas também antecipar como o partido lidará com dissidências internas, candidaturas independentes e o papel de Michelle Bolsonaro, que agora surge como uma figura política ativa disposta a romper o silêncio.

Créditos: Correio Braziliense

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