Política
19:07

PL e filhos de Bolsonaro articulam reação no Congresso após prisão com pressão por anistia

O PL planeja uma nova ofensiva no Congresso para avançar o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos ataques do 8 de janeiro, reagindo à prisão de Jair Bolsonaro no sábado (22).

A estratégia foi debatida numa reunião na segunda-feira (24), reunindo Michelle Bolsonaro, Carlos, Jair Renan e Flávio Bolsonaro — filhos do ex-presidente —, além do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e parlamentares da legenda.

Segundo Flávio Bolsonaro, a prioridade será fazer o projeto progredir na Câmara, com a oposição focada exclusivamente na aprovação do texto. Ele reforçou que o partido não aceitará discutir a dosimetria e não fará acordos nesse sentido.

“Sempre deixamos claro que não faremos acordos sobre dosimetria. Queremos que a democracia prevaleça: o relator pautará o texto conforme desejar e usaremos os recursos regimentais para aprovar a anistia. O texto final será submetido a votação. Não temos compromisso algum com dosimetria, nosso compromisso é com a anistia e a decisão da maioria”, declarou.

O senador acrescentou que a oposição não pretende usar obstrução no Congresso, preferindo abrir espaço para o debate do tema.

Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, informou ter conversado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que está consultando líderes para avaliar a viabilidade da discussão.

“Estamos fazendo esforços juntos a outros líderes para liberar este debate. Queremos que o Parlamento cumpra seu papel. Não forçamos ninguém e não esperamos compromisso com o mérito. O Parlamento não pode ficar refém de outros poderes”, afirmou Marinho.

Ele também ressaltou que as cobranças aos presidentes das Casas devem ocorrer com respeito. Motta vinha sinalizando que o tema poderia ser discutido nesta semana.

Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, afirmou que a prisão preventiva do ex-presidente poderia impulsionar a negociação da dosimetria.

Após a divulgação de vídeo em que Bolsonaro admite usar “ferro quente” para tentar abrir a tornozeleira eletrônica, membros do centrão enxergam dificuldades para avançar com anistia ou dosimetria no Congresso. O assunto deverá ser discutido na reunião de líderes com Motta na terça (25).

Marinho comentou que há um “amadurecimento” de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado, e de Motta sobre a necessidade de tratar o tema para que parlamentares se posicionem.

Ele também citou encontro do líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), com Motta na segunda para discutir o assunto.

A reunião do PL, inicialmente marcada para terça (25), foi antecipada devido à prisão de Bolsonaro no sábado (22). Conforme nota, o encontro teve como objetivo alinhamento estratégico e encaminhamentos do partido.

Relatos indicam que Flávio também enfatizou a necessidade de rejeitar Jorge Messias, indicado por Lula para o STF. Marinho confirmou que a oposição manterá posição contrária à indicação.

“Somos contra o presidente da República nomear um advogado amigo seu. Vamos votar contra Jorge Messias. Outros senadores dirão como atuarão”, declarou.

Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã de sábado (22), na reta final da investigação da trama golpista. Ele está na superintendência da Polícia Federal em Brasília. A prisão foi decretada para garantir a ordem pública diante da vigília convocada por Flávio Bolsonaro.

Créditos: Folha de S.Paulo

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