Política
03:08

Planalto vê CPI do Crime Organizado com maior risco político que a do INSS

O Palácio do Planalto considera que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado, a ser instalada no Senado na terça-feira (4), pode causar mais desgaste ao governo Lula do que a CPMI que investiga descontos irregulares no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

A comissão terá como objetivo investigar a atuação de milícias e facções criminosas. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou a instalação da CPI na quarta-feira (29), após a megaoperação com 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditam que a direita tentará usar a questão da segurança pública como estratégia para conter o avanço da aprovação do governo.

Há preocupação de que a oposição domine o Congresso com a pauta da criminalidade, enquanto o governo deseja focar em temas como isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, escala 6×1 no trabalho, tarifa zero no transporte público e outras propostas voltadas para a campanha eleitoral de 2026.

Aliados do Planalto reconhecem que, se o debate se limitar à segurança pública, o governo pode perder a disputa narrativa, já que o tema é tradicionalmente favorável à direita e costuma ser negativo para a esquerda, que busca equilibrar a defesa dos direitos humanos com ações concretas no combate ao crime organizado.

Para impedir que a CPI monopolize a pauta, o Planalto planejou que senadores de sua base, como o líder no Senado Jacques Wagner (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), e parlamentares aliados Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (MDB-SE), que disputa a relatoria, atuem no colegiado.

A direita indicará senadores como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (Podemos-PR) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Segundo a CNN Brasil, o PT e o Planalto farão pesquisas para analisar a percepção popular sobre a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, com a intenção de orientar seu posicionamento contra o crime organizado.

O presidente Lula também tem sido aconselhado a evitar declarações improvisadas sobre segurança pública, para não fornecer munição à oposição no debate.

Pesquisas realizadas após a operação indicam apoio popular e crescimento da aprovação do governador Cláudio Castro (PL).

Um levantamento da Genial/Quaest revelou que 64% da população do Rio de Janeiro aprova a megaoperação contra a facção criminosa Comando Vermelho.

Já o Datafolha apontou que a gestão do governador Cláudio Castro atingiu seu maior índice de aprovação desde 2022, com 40% dos moradores da capital e região metropolitana do Rio avaliando o governo como ótimo ou bom.

Créditos: CNN Brasil

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