Plano de paz de Trump para Ucrânia foi baseado em documento russo
O plano de paz proposto por Donald Trump para a Ucrânia teve como base um documento originado na Rússia, segundo informou a agência Reuters.
Representantes do governo de Vladimir Putin compartilharam esse rascunho com membros do governo dos Estados Unidos em meados de outubro, detalhando as condições de Moscou para o fim do conflito.
Este documento preliminar, conhecido diplomaticamente como “não-documento”, continha pontos já apresentados pela Rússia nas negociações, entre eles a cessão de parte do leste ucraniano.
O Departamento de Estado dos EUA, assim como as embaixadas russa e ucraniana em Washington, não comentaram as alegações.
A proposta de 28 pontos, apoiada pelos Estados Unidos para encerrar a guerra, foi baseada neste material russo, conforme revelado por três fontes envolvidas nas negociações.
Esse envio aconteceu após encontro entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Washington.
Na mesma data, o Kremlin confirmou que Steve Witkoff, enviado americano para as negociações, viajará a Moscou para se reunir com Putin em busca de um acordo.
Trump declarou que Witkoff discutirá com Putin “alguns pontos de desacordo” e comunicou que só se reunirá com os presidentes Putin e Zelensky quando o acordo estiver finalizado ou quase concluído.
Ele também defendeu Witkoff após divulgação de conversa telefônica na qual Witkoff aconselha um assessor russo, classificando-a como uma prática padrão de negociação.
No fim de semana anterior, representantes dos EUA, Ucrânia e aliados europeus debateram o plano inicial em Genebra, que passou a ser ajustado para considerar melhor os interesses da Ucrânia.
Segundo um alto funcionário ucraniano, a nova versão é significativamente mais favorável ao país.
O presidente francês Emmanuel Macron destacou a falta de vontade da Rússia para um cessar-fogo ou para negociar a nova proposta.
Conversações seguem adiante: o secretário do Exército americano, Dan Driscoll, reuniu-se com russos em Abu Dhabi e planeja encontro com ucranianos.
Apesar dessas negociações, o conflito armado iniciado com a invasão russa em 2022 persiste.
Há relatos de ataques com drones e mísseis russos em Kiev, causando pelo menos sete mortes, e um ataque em Zaporizhzhia feriu ao menos 18 pessoas.
O plano inicial de Trump previa que a Ucrânia aprovasse o acordo até 27 de novembro, Dia de Ação de Graças dos EUA.
Ele continha exigências russas, como proibição da adesão da Ucrânia à Otan e cessão territorial, que foram revistas para contemplar mais os interesses ucranianos.
Uma fonte ucraniana comentou que o novo rascunho permite manter um Exército de 800 mil soldados, em oposição à proposta anterior de 600 mil.
O negociador ucraniano Rustem Umerov afirmou haver entendimento essencial com os EUA, embora detalhes devam ser resolvidos diretamente entre Zelensky e Trump quando for o momento adequado.
O exército russo ocupa cerca de 20% do território ucraniano, que tem sofrido grande devastação e perda de vidas civis e militares, além do deslocamento de milhões de pessoas.
Ivan Zadontsev, sargento ucraniano, expressou ceticismo quanto às negociações, afirmando que o país está cansado da guerra e receia que a proposta americana represente uma “paz ruim”.
Créditos: g1