Plano de Trump para América Latina prevê controle, Doutrina Monroe e militarização
O governo de Donald Trump tornou explícitas suas intenções na América Latina: retomar o controle da região, reimplantar a Doutrina Monroe e aumentar a presença militar.
Um documento oficial da Casa Branca, divulgado pelo Conselho Nacional de Segurança dos EUA em 4 de maio, revela essas prioridades. Recentes movimentações de caças e navios de guerra no Caribe indicam que essa presença expandida será um fato no continente.
As prioridades já conhecidas incluem combater drogas, imigração irregular e impedir o avanço de potências estrangeiras, sobretudo China. Diplomatas estrangeiros destacaram a inédita citação ao uso da CIA para identificar pontos e recursos estratégicos no Hemisfério Ocidental, visando proteção e desenvolvimento em parceria com países da região.
Em diversos trechos, o plano define a América Latina como “nosso continente” e alerta para incursões de potências externas, especialmente chinesas e russas, que representam um erro estratégico permitir sem reação.
O documento afirma que a ideologia dos governos latino-americanos é secundária frente ao alinhamento com os objetivos dos EUA e alerta para resistência contra medidas tributárias que afetem empresas americanas, defendendo o monopólio em acordos comerciais e a exclusão de empresas estrangeiras concorrentes.
Há uma reiteração da Doutrina Monroe para garantir a supremacia americana na região, negando a forças externas a capacidade de instalar ativos estratégicos ameaçadores.
Os objetivos do plano são resumidos em ‘‘Alistar e Expandir’’. Alistar significa recrutar aliados estabelecidos para controlar migração e tráfico, além de promover estabilidade, e expandir refere-se a fortalecer parcerias para tornar os EUA o parceiro econômico e de segurança preferencial.
A estratégia militar envolve realinhamento global das forças, maior presença da Guarda Costeira e Marinha para controle de rotas marítimas, desdobramentos para segurança de fronteiras e combate a cartéis, incluindo uso da força letal, e acesso a locais estratégicos.
No campo econômico, prioriza-se a diplomacia comercial para fortalecer cadeias de suprimentos críticas, aumentar a resiliência econômica e restringir a influência de competidores externos.
A expansão da rede de parcerias também é uma meta clara, com o Hemisfério Ocidental reconhecido como rico em recursos estratégicos que devem ser desenvolvidos em conjunto.
O Conselho de Segurança Nacional vai liderar esforços com a comunidade de inteligência para mapear e proteger esses recursos, visando o desenvolvimento conjunto com aliados.
O texto enfatiza a necessidade de reagir firmemente contra influências externas adversárias, desde o controle de infraestrutura militar até ativos estratégicos.
Reconhece-se que algumas influências são difíceis de reverter devido a alianças políticas, mas o plano propõe usar a influência em finanças e tecnologia para desestimular a assistência externa barata que traz riscos ocultos.
Defende também a superioridade dos bens, serviços e tecnologias americanas, além de reformas para facilitar seu acesso como parceiro preferencial.
O plano incentiva todos os funcionários americanos ligados à região a estarem atentos à influência externa prejudicial, incentivando também a colaboração próxima entre governo e setor privado dos EUA para identificar oportunidades de negócios estratégicos.
Instituições governamentais envolver-se-ão no financiamento de aquisições e investimentos de empresas americanas na região, incluindo setores de energia, minerais críticos e infraestrutura de comunicações cifradas.
Ressalta-se a resistência a medidas prejudiciais às empresas americanas, exigindo contratos de fornecedor único e expulsão de empresas estrangeiras concorrentes em infraestrutura.
Essas ações marcam uma estratégia clara dos Estados Unidos para reafirmar domínio e influência no Hemisfério Ocidental, garantindo sua segurança e prosperidade regional.
Créditos: CartaCapital